|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
LUÍS NASSIF
Graduação em comércio exterior
Existe enorme imprudência na manutenção das
atuais taxas de câmbio. Mas,
além da defasagem de tempo,
existe um outro motivo para explicar a resistência das exportações: o país está colhendo os frutos do esforço para trazer pequenas e médias empresas para o
setor, iniciado no governo FHC
e acelerado substancialmente
na gestão Luiz Fernando Furlan
no MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior).
Dos 200 projetos apoiados pela Apex (Agência de Promoção
de Exportações), grande maioria mantém suas projeções de
exportação para 2005 com aumentos de 15% a 40%. Esses
projetos atendem a 45 setores da
economia, que representam
63% da pauta de exportações do
país -ficam de fora apenas minério, soja "in natura", setor automobilístico e aeronáutico.
Os setores apoiados pela Apex
se comprometem com metas fixas, que são auditadas a cada
90 dias. É isso que permite ao
presidente da Apex, Juan Quirós, manter a aposta de US$ 108
bilhões de exportações para
2005.
O ponto central da estratégia
de promoção são os eventos. Em
2003, houve menos de 400 eventos setoriais, 8.000 empresas
participantes e US$ 2 bilhões em
negócios diretos. Em 2004, o número de eventos saltou para
500, com 13.500 empresas e US$
12 bilhões em negócios. Para
2005, a Apex planejou 550 eventos, com 15.800 empresas e US$
20 bilhões em faturamento.
O evento é a parte final de um
processo de planejamento estratégico. O ponto inicial foi a criação de uma Unidade de Inteligência Comercial, que passou a
estudar a dinâmica de cada
produto, cruzando dados de demanda internacional e avaliando a dinâmica de inserção brasileira em cada setor.
Com a ajuda do Itamaraty, foram contratadas 20 consultorias externas, incumbidas de
analisar, em cada mercado, os
produtos potenciais, os principais concorrentes, volume de
compra, barreiras tarifárias e
não-tarifárias, sistemas de distribuição e logística e tendência
do produto nos próximos 24 meses.
Com os dados à mão, foram
planejados os eventos, com prioridade para os setoriais, e com a
preocupação de fixar a marca
Brasil, preferencialmente por
meio da música brasileira. Na
feira de orgânicos em Nuremberg, além de chefs brasileiros e
cachaça orgânica, o fecho será
um show de Armandinho e Yamandú -que quase enlouqueceu os russos.
O terceiro ponto da estratégia
são as promoções associadas
com grandes lojas de departamento e supermercados. No ano
do Brasil na França, houve promoções com as redes Cassino e
Carrefour, com 4.000 pontos-de-venda, com a Galeries Lafayette,
que tem 32 lojas, com a Lafayette Gourmet, com 6 lojas. Em todas houve promoções com produtos brasileiros, que renderam
R$ 450 milhões em compras.
A última etapa da estratégia
será criar centros de distribuição de produtos brasileiros no
exterior. Os primeiros serão em
Miami e em Frankfurt.
São poucos anos de investimento, mas o país começa a se
graduar em comércio exterior.
E-mail - Luisnassif@uol.com.br
Texto Anterior: Argentina: Kirchner afirma que prazo não será adiado Próximo Texto: Transações correntes: Contas externas do país têm o melhor janeiro desde 1947 Índice
|