São Paulo, terça-feira, 22 de fevereiro de 2005

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TRANSAÇÕES CORRENTES

Saldo foi de US$ 818 mi; suporte maior vem da exportação

Contas externas do país têm o melhor janeiro desde 1947

CLÁUDIA DIANNI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As contas externas brasileiras mantiveram em janeiro o bom desempenho registrado ao longo de 2004. As transações correntes, que incluem todos os bens e serviços negociados com outros países, tiveram superávit de US$ 818 milhões no mês passado, o melhor resultado para um mês de janeiro desde 1947, quando o Banco Central começou a coletar esse tipo de informação.
As transações correntes são formadas pela soma de três contas: a balança comercial (exportações menos importações), a balança de serviços e rendas (pagamento de juros da dívida externa, remessas de lucros e gastos com viagens internacionais, entre outros itens) e as transferências unilaterais (dinheiro enviado ao Brasil por residentes no exterior, e vice-versa).
No acumulado dos últimos 12 meses, entre fevereiro de 2004 e janeiro deste ano, o saldo das transações correntes ficou em US$ 11,8 bilhões, também recorde para o período, segundo o Banco Central. O superávit da balança comercial é o item que mais tem contribuído para a melhora das contas externas.
"A balança comercial é o que tem dado suporte ao saldo de transações correntes, porque em momentos de crescimento econômico a conta de serviços tende a ser deficitária, por causa das despesas do país com equipamentos, transportes e royalties", disse o diretor do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes.
Já o balanço de pagamentos, que inclui ainda a conta capital (investimentos estrangeiros no Brasil, empréstimos e financiamentos tomados por brasileiros no exterior), registrou saldo positivo em US$ 2 bilhões no mês passado.

Exportações dão sustento
Em 2004, o Brasil obteve resultado recorde nas contas externas. O saldo foi positivo em US$ 11,669 bilhões. Durante todo o ano passado, também foi a balança comercial, que teve superávit de US$ 33,6 bilhões, que sustentou esse resultado.
A última vez que o Brasil havia tido superávit em transações correntes foi em 1992, quando o país estava em recessão e o PIB (Produto Interno Bruto) encolheu 0,54%.
Com a economia em expansão-, a previsão é que em 2004 o PIB tenha crescido 5,3% e para este ano espera-se uma expansão de mais de 3%-, a tendência é que a conta de serviços continue negativa e os dólares obtidos com as exportações continuem compensando os outros gastos.

Contratação de câmbio
O superávit comercial, porém, deverá ser menor do que o de 2004. Há uma expectativa entre os exportadores, de acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, de que a desvalorização do dólar, que torna os produtos brasileiros mais caros no mercado externo, afetará o resultado do saldo comercial nos próximos meses.
Isso deverá ocorrer porque as contratações de câmbio para exportação são feitas, em média, com seis meses de antecedência, tempo que leva para que a queda da cotação da moeda americana reflita no saldo comercial.
Segundo Lopes, porém, até agora as contratações de câmbio para exportação têm aumentado. Até ontem, por exemplo, os contratos de câmbio somaram US$ 4,4 bilhões, contra US$ 2,9 bilhões no mesmo período do ano passado.
Lopes disse que os exportadores podem estar adiantando os contratos para receber o dinheiro em reais e aplicar no mercado financeiro, com o objetivo de aproveitar a alta remuneração proporcionada pela taxa básica de juros (Selic), que está atualmente em 18,75% ao ano -a maior taxa real de juros do mundo.
"De qualquer forma eles terão que exportar, porque os custos de cancelamento dessas operações são altos", disse Lopes.


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