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ATAQUE DO IMPÉRIO
ECONOMIA BOMBARDEADA
Investidor volta ao campo minado do risco e troca "papéis seguros" por ações e títulos de emergentes
Bolsa de NY tem melhor semana em 20 anos
DA REDAÇÃO
Ao mesmo tempo em que os
EUA efetuavam um dos mais intensos ataques aéreos da história,
a Bolsa de Nova York comemorava ontem sua melhor semana em
mais de 20 anos. O rápido avanço
das forças norte-americanas e britânicas, que praticamente não encontraram resistência até o momento, fez crescer o otimismo de
que a guerra acabe rapidamente.
Os investidores voltaram a colocar dinheiro em aplicações consideradas mais arriscadas, como
ações e títulos de países em desenvolvimento, em busca de maiores
ganhos. A tendência colaborou
para a valorização dos papéis brasileiros negociados no exterior.
Por outro lado, caiu a demanda
de aplicações tidas como "portos
seguros" durante épocas de grandes incertezas, como ouro e títulos do Tesouro norte-americano.
Em resumo, os investidores deixaram os seus abrigos antiguerra
e saíram à caça de aplicações que
tendem a render mais, ainda que
envolvam doses bem mais elevadas de risco.
Na esteira dos acontecimentos
no Iraque, as cotações do petróleo
seguiram em queda e já estão
dentro dos níveis considerados
normais pela Opep (Organização
dos Países Exportadores de Petróleo). Tanto em NY como em Londres os preços não eram tão baixos desde novembro de 2002.
"O mercado está focado nas
boas notícias sobre a guerra", afirmou Peter Gottlieb, diretor de
carteira de investimento da corretora First Albany Capital Management, em Chicago. "Enquanto
continuar assim, as Bolsas deverão permanecer no azul."
O índice Dow Jones da Bolsa de
Nova York registrou o oitavo dia
seguido de valorização, fechou
com alta de 2,84% e já está positivo neste ano, com ganho acumulado de 2,16%. Na semana, a valorização do Dow Jones ficou em
8,36%, o melhor resultado desde
outubro de 1982.
O índice mais amplo Standard
& Poor's 500, que lista as 500
principais empresas dos EUA,
também obteve oito dias seguidos
de valorização, sua mais extensa
sequência de ganhos desde 1997.
A Nasdaq, Bolsa que concentra as
empresas de tecnologia, teve alta
de 1,36% no dia.
Dólar mais forte
O dólar, que havia sido abatido
pelas indefinições acerca da guerra e pela debilidade econômica
dos EUA, reagiu e já está na sua
maior cotação dos últimos dois
meses ante as principais moedas
do planeta. O euro caiu ontem 1%,
para US$ 1,0502, seu menor preço
desde janeiro.
A notícia de que Saddam Hussein teria morrido nos ataques,
veiculada pela BBC, também contribuiu para o otimismo, principalmente pela manhã. A informação, que teria sido baseada em
fontes do governo britânico, não
foi confirmada até o fechamento
desta edição. Mas o secretário de
Defesa dos EUA, Donald Rumsfeld, afirmou, em uma entrevista,
que há dúvidas sobre se Saddam
ainda segue no comando do país.
Fora a Turquia, os mercados
emergentes tiraram proveito da
onda de alívio e euforia. Cresceu a
procura pelos papéis desses países, com destaque para o Brasil,
que também se beneficia dos bons
números econômicos.
"O crescimento está se recuperando no Brasil, e o desempenho
fiscal é melhor do que se esperava", disse Mohamed El-Erian, diretor para emergentes da corretora Pimco, em Nova York.
Menos brilho
O ouro, que vinha sendo negociado nos maiores preços em sete
anos, já não atrai tantos investidores. A cotação do metal recuou
para os menores níveis desde o final do ano passado.
"Os investidores estão aliviados
como o progresso da campanha
no Iraque, que tem sido melhor
do que muitos poderiam imaginar", disse Robert Streed, diretor
de fundos de investimentos da
corretora Northern Trust Select
Equity Fund, em Chicago.
Arrefeceu também a procura
por títulos do Tesouro norte-americano. Na semana passada,
devido à elevada demanda, o rendimento dos papéis havia caído
aos menores patamares em 44
anos. O retorno dos títulos voltou
a subir, e os papéis com prazo de
vencimento de dez anos ofereciam ontem juros anuais de 4,1%.
Com agência internacionais
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