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São Paulo, sábado, 22 de março de 2003

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ATAQUE DO IMPÉRIO

ECONOMIA BOMBARDEADA

Investidor volta ao campo minado do risco e troca "papéis seguros" por ações e títulos de emergentes

Bolsa de NY tem melhor semana em 20 anos

DA REDAÇÃO

Ao mesmo tempo em que os EUA efetuavam um dos mais intensos ataques aéreos da história, a Bolsa de Nova York comemorava ontem sua melhor semana em mais de 20 anos. O rápido avanço das forças norte-americanas e britânicas, que praticamente não encontraram resistência até o momento, fez crescer o otimismo de que a guerra acabe rapidamente.
Os investidores voltaram a colocar dinheiro em aplicações consideradas mais arriscadas, como ações e títulos de países em desenvolvimento, em busca de maiores ganhos. A tendência colaborou para a valorização dos papéis brasileiros negociados no exterior.
Por outro lado, caiu a demanda de aplicações tidas como "portos seguros" durante épocas de grandes incertezas, como ouro e títulos do Tesouro norte-americano. Em resumo, os investidores deixaram os seus abrigos antiguerra e saíram à caça de aplicações que tendem a render mais, ainda que envolvam doses bem mais elevadas de risco.
Na esteira dos acontecimentos no Iraque, as cotações do petróleo seguiram em queda e já estão dentro dos níveis considerados normais pela Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo). Tanto em NY como em Londres os preços não eram tão baixos desde novembro de 2002.
"O mercado está focado nas boas notícias sobre a guerra", afirmou Peter Gottlieb, diretor de carteira de investimento da corretora First Albany Capital Management, em Chicago. "Enquanto continuar assim, as Bolsas deverão permanecer no azul."
O índice Dow Jones da Bolsa de Nova York registrou o oitavo dia seguido de valorização, fechou com alta de 2,84% e já está positivo neste ano, com ganho acumulado de 2,16%. Na semana, a valorização do Dow Jones ficou em 8,36%, o melhor resultado desde outubro de 1982.
O índice mais amplo Standard & Poor's 500, que lista as 500 principais empresas dos EUA, também obteve oito dias seguidos de valorização, sua mais extensa sequência de ganhos desde 1997. A Nasdaq, Bolsa que concentra as empresas de tecnologia, teve alta de 1,36% no dia.

Dólar mais forte
O dólar, que havia sido abatido pelas indefinições acerca da guerra e pela debilidade econômica dos EUA, reagiu e já está na sua maior cotação dos últimos dois meses ante as principais moedas do planeta. O euro caiu ontem 1%, para US$ 1,0502, seu menor preço desde janeiro.
A notícia de que Saddam Hussein teria morrido nos ataques, veiculada pela BBC, também contribuiu para o otimismo, principalmente pela manhã. A informação, que teria sido baseada em fontes do governo britânico, não foi confirmada até o fechamento desta edição. Mas o secretário de Defesa dos EUA, Donald Rumsfeld, afirmou, em uma entrevista, que há dúvidas sobre se Saddam ainda segue no comando do país.
Fora a Turquia, os mercados emergentes tiraram proveito da onda de alívio e euforia. Cresceu a procura pelos papéis desses países, com destaque para o Brasil, que também se beneficia dos bons números econômicos.
"O crescimento está se recuperando no Brasil, e o desempenho fiscal é melhor do que se esperava", disse Mohamed El-Erian, diretor para emergentes da corretora Pimco, em Nova York.

Menos brilho
O ouro, que vinha sendo negociado nos maiores preços em sete anos, já não atrai tantos investidores. A cotação do metal recuou para os menores níveis desde o final do ano passado.
"Os investidores estão aliviados como o progresso da campanha no Iraque, que tem sido melhor do que muitos poderiam imaginar", disse Robert Streed, diretor de fundos de investimentos da corretora Northern Trust Select Equity Fund, em Chicago.
Arrefeceu também a procura por títulos do Tesouro norte-americano. Na semana passada, devido à elevada demanda, o rendimento dos papéis havia caído aos menores patamares em 44 anos. O retorno dos títulos voltou a subir, e os papéis com prazo de vencimento de dez anos ofereciam ontem juros anuais de 4,1%.


Com agência internacionais


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