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LEÃO GULOSO
Receita superou em R$ 500 mi o previsto para o primeiro bimestre
Arrecadação de imposto bate recorde para mês de fevereiro
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Receita Federal arrecadou no
primeiro bimestre do ano cerca
de R$ 500 milhões a mais do que o
previsto para o período. Apesar
do número superior ao estimado,
o secretário-adjunto da Receita
Ricardo Pinheiro disse que ainda
não dá para dizer se será possível
ou não liberar parte dos recursos
do Orçamento represados pelo
governo.
A arrecadação de tributos bateu
recorde mais uma vez no mês
passado, com o maior valor já registrado até hoje para um mês de
fevereiro, de R$ 25,121 bilhões.
"Não posso afirmar que vai haver
excesso. Por enquanto é um susto
menor do que o previsto", disse.
No mês passado, o governo
contingenciou R$ 15,9 bilhões do
Orçamento, prometendo liberar
os recursos dependendo da arrecadação ao longo do ano. Pinheiro lembrou que os R$ 500 milhões
adicionais representam menos de
1% do total arrecadado no bimestre (R$ 57,11 bilhões), o que seria
margem de erro aceitável. "Não
dá para dizer que esse valor é sobra de recursos."
Na verdade, a arrecadação excedente chegou a quase R$ 800 milhões no primeiro bimestre do
ano. Houve, no entanto, um pagamento de R$ 206 milhões indevido referente à CPMF. Pinheiro
disse que a Receita não poderá
contar com esse dinheiro.
Descontado o valor, a arrecadação extra cai para cerca de R$ 500
milhões, disse o secretário. Pinheiro não informou que instituição pagou incorretamente a
CPMF e disse que a falha foi causada por erro de digitação do próprio banco.
Empresas em recuperação
Entre os fatores que puxaram o
bom resultado de fevereiro, Pinheiro destacou o forte desempenho de alguns setores em relação
ao mesmo mês do ano passado,
como o de extração de minerais,
que teve crescimento de 8.118%
no faturamento.
O pagamento de Imposto de
Renda da Pessoa Jurídica e de
CSLL (Contribuição Social sobre
o Lucro Líquido) tem como base
o faturamento das empresas. Corrigida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), a arrecadação com esses dois tributos
cresceu 20,92% e 18,78%.
Os setores de telecomunicações,
de produtos químicos, de combustíveis e de metalurgia básica
também tiveram grande aumento
no faturamento. Ele disse que no
mesmo mês de 2004 muitas empresas dessas áreas tiveram fraco
desempenho, o que explica a variação tão grande no faturamento
e na arrecadação de impostos.
"Precisamos esperar mais alguns meses para avaliar melhor se
o crescimento na arrecadação
desses setores é uma tendência.
Mas certamente é uma recuperação significativa da rentabilidade
desses empresas", disse Pinheiro.
Na comparação com os R$
32,178 milhões arrecadados em
janeiro, o resultado de fevereiro
apresentou uma pequena queda.
Segundo Pinheiro, esse comportamento é normal na comparação
dos dois meses.
Questionado se os sucessivos
recordes de arrecadação não confirmariam um aumento da carga
tributária no ano passado, Pinheiro disse que não poderia falar sobre o assunto enquanto o dado
definitivo do PIB (Produto Interno Bruto) de 2004 não for divulgado, o que deve ocorrer no mês
que vem.
Segundo números preliminares
divulgados pelo ministro José
Dirceu (Casa Civil) duas semanas
atrás, a carga tributária bruta da
União chegou a 20,98% do PIB
em 2004, o que representaria aumento de 1% em relação aos
20,78% registrados em 2002, antes de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumir.
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