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TURBULÊNCIA
C-Bond atinge menor valor em 4 meses; investidores temem petróleo caro e esperam alta nos juros dos EUA
Título brasileiro cai com aversão a risco e Fed
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O menor apetite ao risco não
tem poupado os ativos brasileiros. Ontem, o C-Bond, um dos
principais títulos da dívida brasileira negociados no exterior, caiu
0,49% e foi a seu menor valor em
quatro meses.
Esse recente movimento de
venda de papéis da dívida fez com
que o risco-país brasileiro alcançasse ontem seu maior nível desde janeiro. Perto do fechamento
do mercado, o risco estava a 432
pontos, em alta de 0,70%.
Outro título brasileiro, o Global
40, também chegou ao seu menor
preço desde novembro, mas se recuperou um pouco e fechou estável. De uma semana para cá, o C-Bond caiu 1,84%.
Ao menos essa correção de preços não está relacionada a uma
piora nas projeções e perspectivas
para a economia brasileira. O
mercado internacional está é
preocupado com a possibilidade
de os juros subirem de forma
mais agressiva nos Estados Unidos. A escalada do preço do barril
de petróleo também gera incertezas e desconforto.
"A queda dos títulos brasileiros
nos últimos dias não chega a ser
preocupante, fazem parte de um
ajuste global", avalia Luiz Forbes,
analista da corretora López Leon.
Para ele, hoje "será um importante dia, com a possibilidade de o
mercado ficar mais volátil", dependendo da nota da reunião do
Fed (banco central americano,
leia texto ao lado) e do resultado
do índice de preços ao produtor
americano (PPI).
Se os dados sobre a evolução do
PPI vierem acima das previsões, o
mercado pode piorar -com a
venda mais forte de ativos de
emergentes-, devido ao temor
de que os juros sejam elevados
mais rapidamente no país para
conter pressões inflacionárias.
Hoje, também será conhecida a
decisão do Fed sobre os juros básicos dos EUA, que estão em 2,5%
anuais. A expectativa é que subam
0,25 ponto percentual. O tom da
nota do Fed será fundamental para determinar o humor do mercado, pois pode sinalizar um aperto
monetário mais forte no curto
prazo.
Quando as taxas de juros pagas
pelos títulos do Tesouro norte-americano sobem muito, a tendência é a de "roubarem" recursos dos emergentes. Nesse cenário, os investidores tendem a vender ativos (como títulos da dívida
e ações) de países como o Brasil e
comprar papéis dos EUA, que
tem risco de calote muito menor.
No mês passado, o movimento
foi inverso, com investidores estrangeiros comprando expressivamente títulos e ações do Brasil.
O C-Bond encostou em 103% de
seu valor de face em fevereiro.
Ontem, fechou a 99,6% de seu valor de face. Alguns investidores
que tinham comprado C-Bond
nas últimas semanas na expectativa de que o governo brasileiro faria o resgate antecipado do título
acabaram por se desfazer do papel nos últimos dias.
Cenário ruim
Como o risco-país é calculado a
partir do valor de uma cesta de títulos da dívida, a venda desses papéis faz com que o indicador suba. O risco reflete a confiança dos
investidores em relação à possibilidade maior ou menor de um
país dar calote. Quando sobe muito, fica mais difícil conseguir captar recursos no exterior.
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