São Paulo, quarta-feira, 22 de março de 2006

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Presidente quer "consertar" o legado de Menem

RAUL JUSTE LORES
DA REPORTAGEM LOCAL

A rescisão de contrato com a principal concessionária de saneamento básico da Argentina serviu para o presidente Néstor Kirchner se reafirmar como a antítese ao neoliberalismo exacerbado do ex-presidente Carlos Menem. Kirchner acusa Menem de ter arruinado e vendido o país.
Mas é cedo para dizer que há onda estatizante na Argentina. Várias privatizadas dos anos 1990 não ofereceram a qualidade de serviço nem os investimentos prometidos. E, como as tarifas dos serviços públicos estão congeladas desde janeiro de 2002, apesar da inflação de 80%, as multinacionais estão abandonando um negócio que não é mais atraente.
Apesar de saudadas como revolucionárias, as privatizações dos anos Menem exibiam diversos defeitos de origem. Não houve o menor estímulo à concorrência, e os monopólios estatais viraram monopólios privados. As agências reguladoras nunca exerceram um papel disciplinador. A aérea Aerolíneas Argentinas esteve à beira da falência nas mãos da espanhola Iberia e precisou ser resgatada com ajuda do governo. Nos Correios, o consórcio local jamais cumpriu os investimentos estipulados na privatização.
Segundo Menem, só com muitas facilidades seria possível atrair investidores a um país que sofrera hiperinflação e que vivera instabilidade política por décadas. Certo ou não, Maria Julia Alsogaray, que foi a superministra de Menem responsável pelas principais privatizações, foi condenada por enriquecimento ilícito em 2003.


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