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ANÁLISE
Superávit é pitada ortodoxa na
receita heterodoxa de Kirchner
CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL
A rescisão do contrato com uma
empresa privatizada é mais um
ingrediente da receita econômica
heterodoxa de Néstor Kirchner,
que inclui juros reais negativos,
intervenção no mercado de câmbio e tentativa de controle da inflação por meio de acordos de
preços e alteração de tarifas aplicadas no comércio exterior.
A forte atuação do Estado é o
elemento distintivo do que passou a ser conhecido como modelo
"K", de Kirchner. Dentro desse
cenário heterodoxo, a pitada que
agrada aos economistas conservadores é dada pela situação confortável das contas públicas, materializada em constantes superávits primários (diferença entre receita e despesa antes do pagamento de juros da dívida).
Kirchner tem conseguido economizar somas consideráveis a
cada mês, graças ao aumento da
arrecadação de impostos provocado pelo crescimento econômico, que no ano passado atingiu o
índice de 9,2% -no Brasil, a expansão foi de 2,3%.
Porém a manutenção de superávits primários a médio prazo
parecia ameaçada pelo aumento
das despesas em ritmo superior
ao da expansão da receita registrado em meses recentes. O gasto
público é outro ingrediente do
modelo "K", que ganhou mais peso em razão das eleições legislativas de 2005.
A tendência de encolhimento
do superávit primário se reverteu
em fevereiro, quando a arrecadação cresceu 27% e o gasto, 24%,
segundo o economista Hernán
Fardi, da Maxinver.com.
A economia realizada no mês
passado superou as estimativas
do mercado e chegou a 1,9 bilhão
de pesos (US$ 630 milhões), 37%
acima do superávit primário obtido em igual período de 2005. A
maioria dos analistas esperava
uma cifra próxima de 1,6 bilhão
de pesos (US$ 530 milhões).
Neste ano, a economia argentina deve crescer em torno de 7%, o
que manterá a arrecadação em alta. Se não houver um descontrole
do gasto, tudo indica que Kirchner continuará a ter folga para
economizar recursos públicos.
A ameaça inflacionária continua a ser o grande problema do
presidente, mas o ano começou
com um arrefecimento do ritmo
de reajustes de alguns preços e revisão para baixo das projeções
dos próximos meses.
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