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ALIMENTA€ÃO
Especiarias importadas subiram com o aumento do dólar, em janeiro; entre 94 e 98, vendas cresceram 75%
Preço alto não tira tempero da mesa
FÁTIMA FERNANDES
da Reportagem Local
A pitada de tempero na comida
ficou mais cara com a alta do dólar,
pois a maior parte das especiarias
que o consumidor encontra hoje
nos supermercados -como orégano, páprica, louro, canela, erva-doce e alecrim- vem do exterior.
Mas o brasileiro não deve abrir
mão dos condimentos, que acabaram se tornando hábito de consumo com o Real. De 94 a 98, segundo a Nielsen (empresa especializada em pesquisas de mercado), as
vendas de temperos aumentaram
75% no país.
O consumidor pode trocar a geléia, o vinho e o queijo estrangeiros
por nacionais, mas não tem como
substituir as especiarias, vindas especialmente da Índia, Indonésia,
Turquia, Irã, França, Itália, Espanha, Portugal, México, Chile e Argentina, dizem os fabricantes.
²
Preços e vendas sobem
As vendas da Linguanotto, especializada em temperos, têm subido
35% ao ano e a estimativa da empresa é que vão continuar crescendo em 99, apesar de os preços dos
seus temperos já estarem 12% mais
caros para o consumidor.
A Linguanotto tem 180 tipos de
condimentos, dos quais 90% deles
são importados. No ano passado,
produziu 2.000 toneladas.
"Não reduzimos as importações,
apesar de os supermercados estarem resistindo aos reajustes. O fato
é que não há como substituir a pitada de noz-moscada ou de páprica num prato", afirma Nelusko
Linguanotto Neto, diretor da empresa.
Quem tem certeza disso é Kushen Pillay, gerente do Govinda,
restaurante indiano localizado no
Brooklin, zona sul de São Paulo,
grande usuário de especiarias.
"Não há substituto para o cardamomo, feno-grego e chilly, os temperos mais usados nos nossos pratos", diz Pillay.
O brasileiro, segundo os entendidos em temperos, experimentou e
gostou do sabor das especiarias na
comida. Gabriel João Cherubini,
vice-presidente da Yoki, que comercializa a marca Kitano, diz que
apesar dos aumentos de 15% a 20%
nos preços, no caso dos seus condimentos, esse mercado não deve
parar de crescer no país.
²
Maior variedade
Antes da abertura da economia,
no início dos anos 90, o consumidor estava acostumado a temperar
a comida com cominho, pimenta-do-reino e orégano. "A variedade
trazida pelas marcas importadas
chegou para ficar. A importação
vai continuar crescendo. E nós vamos tentar pegar fatias das marcas
estrangeiras."
Nos últimos quatro anos o consumidor brasileiro viu ganhar espaço nos supermercados a marca
italiana Cannamela, a norte-americana Mc Cormick e as francesas
Ducros e Fauchon.
Como esses produtos vêm prontos para o Brasil, Cherubini acredita que as altas de preços serão
maiores do que as das empresas
que importam as especiarias para
embalá-las no país, como é o caso
da Yoki.
A Aurora Bebidas e Alimentos,
que importa a linha de condimentos Mc Cormick, já reduziu as
compras por causa da alta do dólar. Em dezembro, o vidro de páprica custava cerca de R$ 5 -agora sai por R$ 8. O preço do orégano
subiu de R$ 3,87 para R$ 5,90 e o da
canela em pó, de R$ 5,17 para R$ 8.
"O tempero embalado no Brasil
sai mais barato porque as taxas de
importação de produtos prontos
são mais altas", diz Cristiane Gerazo, gerente de produto da Aurora.
²
Televisão ajuda
De 96 para 98, com o câmbio favorável às compras no exterior, a
importação da linha Mc Cormick
subiu 33%. "Ainda não sabemos o
que vai acontecer neste ano. A Aurora deve reduzir em 40% o volume geral de importação no primeiro semestre deste ano em relação a
igual período de 98."
A Hikari, que traz 90% da sua linha de condimentos do exterior,
informa que parou a importação
com a alta do dólar porque tinha
matéria-prima em estoque. "Vamos ver se conseguimos negociar
melhores preços", diz Jorge Alves,
diretor.
Com o Real, segundo ele, as vendas de condimentos da Hikari subiram 20%. A divulgação da culinária em programas de televisão,
diz, contribuiu muito para aumentar o consumo de temperos.
Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), as importações de especiarias aumentaram
de US$ 10,69 milhões em 94 para
US$ 18,27 milhões em 98.
As exportações brasileiras foram
bem maiores no período. Subiram
de US$ 49,62 milhões para US$
86,09 milhões, só que a maior parte
desse valor se refere às vendas de
pimenta, gengibre e cravo-da-índia.
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