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Centrais querem que as mudanças
sejam discutidas com trabalhador
DA REPORTAGEM LOCAL
As centrais sindicais ficaram
surpresas com a decisão do Ministério do Trabalho de fazer uma
"faxina" na CLT antes de consultar os representantes dos trabalhadores.
João Felício, presidente da CUT
(Central Única dos Trabalhadores), diz que o governo deve fazer
um levantamento para identificar
as "células vivas" e as "células
mortas" da CLT. "Mas antes de
enviar o projeto para o Congresso
Nacional o Ministério do Trabalho tem de discutir as mudanças
na lei com as centrais", afirma.
Para o presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, a decisão de "limpar" a CLT via anteprojeto descumpre a determinação do presidente Lula de promover o debate na sociedade antes de
fazer as reformas e as mudanças
necessárias ao país.
"Chegar com o "prato pronto" é
um mau exemplo. A regra básica
é discutir com os trabalhadores
qualquer alteração. A CLT já tem
60 anos. Por que a pressa em retirar direitos, mesmo que sejam
considerados ultrapassados, de
um dia para o outro? O ministério
devia ouvir o trabalhador."
Felício considera novidade a
"limpeza" prévia que está sendo
feita pelo ministério. "Defendemos que toda discussão sobre a
CLT deve ser feita no Fórum Nacional do Trabalho", afirma.
O presidente da CUT crê que o
governo não vai excluir as centrais do debate. "O presidente Lula vai ouvir a sociedade antes de
enviar o projeto ao Congresso."
Na análise de Felício, mesmo
que os artigos sejam considerados
"penduricalhos que não sirvam
para nada", os sindicalistas gostariam de analisá-los um por um
antes de dizer se eles são "células
vivas" ou "células mortas".
Paulinho acredita que retirar regras como as férias concedidas de
forma corrida às pessoas com
mais de 50 anos e as que se relacionam aos direitos da mulher é
"preocupante.
Para o deputado Vicente Paulo
da Silva (PT-SP), que preside a
Comissão Especial de Reforma
Trabalhista, a idéia de enxugar a
CLT é boa, desde que os artigos
que serão retirados sejam realmente inócuos. "É preciso analisar cada item com atenção. Não
acredito que o ministério vá tirar
direitos [dos trabalhadores]."
No dia 16 deste mês, Vicentinho
apresentou proposta de emenda
constitucional que institui a liberdade sindical e acaba de forma
gradativa com o imposto sindical
obrigatório (equivale a um dia de
trabalho por ano do trabalhador e
sustenta sindicatos fantasmas).
A proposta modifica o artigo 8º
da Constituição: substitui a unicidade sindical (um único sindicato
por base territorial para cada categoria profissional) pela liberdade
de organização dos trabalhadores
a partir do local de trabalho.
Em relação ao imposto sindical,
a idéia é extingui-lo ao longo de
quatro anos. No primeiro ano de
vigência, o imposto corresponderia a 80% do valor total. A redução
da cobrança seria de 20% a cada
ano. Dessa forma, no quarto ano
representaria apenas 20%.
"Nesse período haveria tempo
suficiente para os sindicatos se
prepararem para viver com as
contribuições voluntárias de seus
sócios, que devem ser aprovadas
em assembléias gerais representativas", disse o deputado.
(FF e CR)
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