|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CENÁRIO RÓSEO
Fundo vê "clima de primavera na recuperação mundial" e estima expansão de 4,6% para este ano e de 4,4% em 2005
Crescimento global deve voltar ao nível pré-bolha, diz FMI
DE WASHINGTON
O crescimento econômico
mundial neste ano deve voltar ao
patamar de antes do estouro da
"bolha financeira", em 2001, e
permanecer em um nível elevado
também em 2005.
"Há um clima de primavera na
recuperação mundial", disse ontem Raghuram Rajan, economista-chefe do FMI, ao anunciar que
o mundo deverá crescer 4,6% neste ano e 4,4% em 2005.
"Se tudo continuar como o esperado, estaremos na direção dos
dois melhores anos em mais de
uma década", disse Rajan.
A forte recuperação no comércio global, da economia dos EUA
e a continuação de resultados positivos na Ásia emergente fizeram
o FMI revisar para cima, em 0,6
ponto percentual, a expectativa
de expansão para 2004.
O crescimento global deste ano
deve encostar na taxa registrada
no ápice da "bolha financeira",
em 2000 (4,7%), e tem como principal característica o fato de "estar
florescendo ao mesmo tempo em
várias regiões do mundo".
Se confirmados, a expansão de
4,6% dos EUA neste ano (o maior
em duas décadas) e os índices acima de 7% na Ásia emergente em
2004 e 2005 (China à frente) serão
os principais motores da retomada. A recuperação norte-americana, prevê o FMI, também deve começar a gerar uma "retomada decente" do emprego no país.
Mesmo o Japão, que registra taxas medíocres há quase uma década, deve crescer 3,4% neste ano,
o melhor resultado desde 1996.
""O que estamos vendo no Japão
atualmente é a passagem de uma
recuperação baseada em exportações para investimentos e, mais
recentemente, para um aquecimento do consumo", diz Rajan.
O ciclo da recuperação japonesa
foi impulsionado pelas importações da China e vem se consolidando com uma série de medidas
de saneamento no setor corporativo e bancário.
Para a China, o Fundo prevê
crescimento de 8,5% neste ano e
de 8% em 2005.
Além da recuperação no comércio mundial, o FMI vê um aumento nos investimentos e no consumo interno em vários países. Um
quadro de inflação baixa torna a
recuperação mais consistente.
Europa
Entre as principais regiões do
mundo, apenas a Europa seguirá
"morna", com previsões de crescimento de 1,7% em 2004 e 2,3%
em 2005. "A zona do euro também sairá desse quadro, que é
temporário", disse Rajan.
Apesar do otimismo, o FMI
alerta para o fato de que o mundo
"esgotou" os instrumentos clássicos a serem usados "se o inesperado ocorrer". "Há risco nesse cenário róseo, e estamos sem seguro
contra novos choques."
Apelando para a fábula maior
sobre a prudência, o indiano afirmou: "É verdade que o mundo
saiu do inverno de uma recessão.
Mas a mensagem é que, em vez de
dançarmos durante a primavera e
o verão, deveríamos fazer provisões para o futuro. O papel da formiga pode ser chato, mas é o mais
prudente em economia".
Entre os riscos, o FMI elencou
um possível aumento nos preços
do petróleo e a imprevisibilidade
de ataques terroristas.
Motor e risco
Um dos principais motores da
atual recuperação é também a
causa de preocupação e o "seguro" que deixou de existir.
Boa parte da retomada é atribuída aos EUA, que adotaram
uma política fiscal frouxa que elevou o déficit fiscal do país a níveis
recordes. O FMI não vê espaço
para novos estímulos fiscais na
eventualidade de um choque.
A outra conseqüência do déficit
nos EUA é que as taxas de juro na
maior economia do planeta devem subir em breve, o que pode
drenar recursos de outras partes
do mundo e provocar crises em
países emergentes.
O FMI elogiou a posição do Fed
(o BC dos EUA), que já estaria
"preparando o mercado" para
uma alta dos juros, hoje em 1%.
"O desafio agora é moldar o caminho para que o mercado não
seja surpreendido", disse Rajan
sobre o papel do Fed.
O Fundo também cobrou dos
EUA "planos fiscais mais críveis"
para a diminuição do déficit fiscal,
equivalente a 5% do PIB.
(FCz)
Texto Anterior: Nem o ajuste fiscal segura aumento Próximo Texto: Rato quer atuação para impedir crises Índice
|