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Nem o ajuste fiscal segura aumento
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Aplicado nos últimos cinco
anos sob inspiração e elogios do
FMI (Fundo Monetário Internacional), o programa de ajuste fiscal brasileiro não conseguiu atingir seu objetivo mais importante:
deter a escalada da dívida pública
e acalmar os mercados interno e
externo, credores do governo.
As dívidas de União, Estados,
municípios e estatais somaram,
em fevereiro, R$ 1,252 trilhão, ou
77,9% do PIB (Produto Interno
Bruto). Descontados os valores
que os governos têm a receber,
chega-se a uma dívida líquida
-indicador mais observado pelos analistas- de R$ 927 bilhões
(ou 57,6% do PIB).
Esses valores não chegam a impressionar pelas dimensões
-boa parte dos países desenvolvidos têm dívidas públicas acima
de 60% do PIB. A preocupação,
no caso do Brasil, é com o ritmo
de crescimento e as condições de
pagamento da dívida.
Às vésperas do Real, em 94, a dívida ficava ao redor de 30% do
PIB. De lá para cá, trocou-se inflação estratosférica por juros estratosféricos, com duplo efeito negativo sobre as finanças públicas:
não só a dívida se multiplicou como o PIB ficou quase estagnado.
A freqüente comparação entre a
dívida e o PIB responde a um raciocínio muito simples: se as taxas
de juros e de crescimento da dívida superam a taxa de expansão da
renda nacional, em algum momento não haverá mais dinheiro
para pagar os credores.
Isso cria um círculo vicioso no
qual, com medo de um calote, o
mercado cobra juros mais altos
para financiar o governo, e os juros mais altos tornam cada vez
mais difícil deter a alta da dívida e
o risco de calote.
Para estancar esse processo, o
governo iniciou em 1999 uma política de superávits primários
-poupar parte de suas receitas e
usar o dinheiro para pagar juros.
No período, as metas de superávit
só fizeram crescer, de 2,6% para
os 4,25% do PIB no ano passado.
Como em outros momentos
dos últimos anos, a dívida pública
vive hoje um período de estabilidade. No entanto qualquer turbulência no câmbio ou nos juros pode fazê-la voltar a subir.
(GP)
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