São Paulo, quinta-feira, 22 de abril de 2004

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Nota do JP Morgan abala Brasil de novo

Chris Hondros/France Presse
Operadores durante o pregão de ontem da Bolsa de Nova York


FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma nota divulgada ontem pelo banco norte-americano JP Morgan voltou a ter repercussão negativa para o Brasil. O risco-país brasileiro registrou elevação de 4,25%, para 638 pontos, maior valor desde outubro de 2003.
Mesmo sem ser citado na nota enviada ao mercado pelo banco, o Brasil sofreu os reflexos negativos junto de outros emergentes. O JP Morgan afirmou esperar que já em agosto os juros subam nos EUA, em 0,25 ponto percentual. Atualmente, os juros americanos estão em 1%. A previsão anterior do banco era que os juros subiriam apenas em novembro.
O risco-país da Turquia, calculado pelo próprio JP Morgan, disparou 8%, para os 338 pontos, e o da Rússia registrou elevação de 3,6%, para 258 pontos.
A expectativa do banco é que no fim do ano os juros estejam em 2% nos EUA e no fim de 2005 cheguem a 4%. Projeção ruim para os países emergentes.
Os C-Bonds, títulos da dívida brasileira mais negociados, recuaram 0,8%, para US$ 0,9231.
Desde a semana passada, quando foram divulgados dados sobre a inflação nos EUA, o mercado passou a considerar a possibilidade de os juros americanos subirem antes do esperado pelos analistas. Se os juros sobem nos EUA, a tendência é os emergentes sofrerem conseqüências diretas. É que, se os títulos do Tesouro norte-americano, considerados os mais seguros do mundo, passam a pagar taxas melhores, os investidores tendem a trocar os papéis de países emergentes, que carregam mais riscos, por eles.
Além de uma hipotética fuga de investidores, juros maiores nos EUA encarecem as captações de recursos, tanto privadas como públicas, de países como o Brasil.
No caso do Brasil, já havia, como ponto negativo, a declaração do FMI de que o "endividamento continua a deixar o país significativamente vulnerável, particularmente diante de uma deterioração das condições de mercado".
Ontem o presidente do Fed (banco central dos EUA), Alan Greenspan, em seu depoimento no Senado, não deu sinais claros de quando os juros serão elevados no país. Mas disse que as taxas terão de subir em algum momento.
Questionado sobre o possível impacto de um aumento nos juros nos EUA sobre a economia brasileira, o presidente do BC, Henrique Meirelles, disse que o país tem condições de "enfrentar com tranqüilidade as variações de liqüidez e nas taxas de juros que prevaleçam nos mercados".
"Temos que sair da fase em que o Brasil só estava tranqüilo quando o mercado internacional estava muito tranqüilo", disse.

Colaborou Rafael Cariello, de Nova York

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