São Paulo, quinta-feira, 22 de abril de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Mudança para 2005 pode ser debatida, diz BC

RAFAEL CARIELLO
DE NOVA YORK

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse ontem que "existe uma proposta de redefinir a meta [de inflação] de 2005", que essa discussão não está na agenda do Conselho Monetário Nacional, mas que, se for incluída, será debatida.
"Existe uma proposta de redefinir a meta de 2005 e de fixação da meta de 2006. Nessa discussão, tenho dito com toda a clareza que ela não está na agenda do Conselho Monetário Nacional, na medida em que a meta de 2005 foi fixada na reunião de junho do ano passado. Se for incluída na agenda, vamos discutir e analisá-la", afirmou em Nova York, onde se reuniu com investidores.
O ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, havia descartado completamente, anteontem, qualquer possibilidade de alteração da meta. "Isso não está na pauta. É um assunto resolvido, foi debatido", disse Palocci.
Meirelles disse que se reuniu com investidores em Nova York para fazer uma "revisão" dos objetivos e das ações do governo Lula no ano passado. "O resultado é extremamente positivo", disse.
Em Brasília, o ministro Luiz Dulci (Secretaria Geral) voltou a descartar um "plano B" ou mudanças na política econômica do governo Lula, mas deixou claro que há a possibilidade de "aperfeiçoamentos". Isso pode representar uma possibilidade de o governo discutir, no futuro, a meta de inflação para 2005.
A Folha apurou que apenas os ministros Antonio Palocci Filho (Fazenda) e Guido Mantega (Planejamento) teriam defendido anteontem à noite, em reunião no Palácio do Planalto, a manutenção da meta de inflação em 4,5% para o próximo ano. Parte do governo já admitiria a possibilidade de flexibilizá-la, chegando a 5,5%.
Apesar de negar oficialmente, o governo tem discutido o assunto internamente, até mesmo com a possibilidade de o presidente Lula apoiar a mudança.
"Não há plano B. Não vamos crescer com inflação alta. Vamos crescer com essa política econômica", disse Dulci durante o lançamento do relatório "A Democracia na América Latina".
E completou: "Não se trata de ser rígido. Trata-se de ser coerente. O governo não pode ter duas políticas ao mesmo tempo. Não teve e não terá. Nossa política econômica é essa. Se tivermos que fazer aperfeiçoamentos, faremos na política econômica que o governo escolheu conscientemente".
Segundo Dulci, o governo adotou no ano passado a política econômica necessária para "tirar o país da crise herdada".
Para o ministro, o país precisa criar condições para crescer. Lembrou os recursos que o governo terá para investir neste ano -R$ 12 bilhões-, incluindo a área social, a política industrial e a reforma agrária.
O relatório sobre América Latina apresentado ontem pelo Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) aponta que 56,3% dos latino-americanos crêem que o desenvolvimento econômico seja mais importante que a democracia. O estudo traz dados de 18 países da região.


Com a Sucursal de Brasília

Texto Anterior: Dilema: Estudo liga nova meta a expansão maior
Próximo Texto: Teles: Telmex aumenta a oferta pela Embratel
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.