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OPINIÃO
Bancos são essenciais à expansão da China
DA REDAÇÃO
O vice-premiê da China, Huang
Ju, classificou como fundamental
o papel dos bancos no desenvolvimento econômico chinês durante
reunião anual de primavera dos
membros do IIF (Instituto de Finanças Internacionais), ocorrida
em Xangai no último dia 16.
Huang Ju afirmou ainda que o governo chinês continua empenhado na abertura do mercado financeiro ao capital internacional e na
reforma dos principais bancos estatais do país.
Leia a seguir a íntegra do discurso de Huang Ju na abertura do
evento:
Na ocasião do encontro de primavera de 2004 dos membros do
Instituto de Finanças Internacionais aqui em Xangai, uma cidade
situada às margens do pitoresco
rio Huangpu, eu gostaria de dar
meus parabéns calorosos aos
membros do encontro, em nome
do governo da China, e estender
minhas boas-vindas sinceras a todos os amigos vindos de todas as
partes do mundo.
Nosso mundo é hoje palco de
uma revolução científica e tecnológica crescente, de uma globalização econômica contínua e de
um ajuste acelerado das estruturas industriais que atravessam
fronteiras nacionais.
Enquanto isso, a internacionalização do setor financeiro se desenvolveu rapidamente, acompanhada de uma expansão das transações financeiras globais raramente vista na história, algo que,
por um lado, atuou como incentivo forte ao crescimento econômico de muitos países e, por outro,
fez aumentar as incertezas em relação à economia global e às finanças internacionais.
Na fase atual do século 21, o desenvolvimento econômico e financeiro dos países se vê diante
tanto de oportunidades sem precedentes quanto de diversos desafios novos.
Nesse contexto, seria extremamente significativo discutir as tendências futuras
do desenvolvimento econômico e financeiro mundial
e explorar maneiras eficazes
de fomentar
esse desenvolvimento. Fico
satisfeito por
ver que os participantes neste encontro
trocaram
idéias e expressaram suas
opiniões de
maneira entusiasmada e, em especial, que fizeram sugestões para
a reforma e o desenvolvimento
econômico e financeiro da China.
A comunidade financeira chinesa deve dar ouvidos a suas opiniões e recomendações e aproveitar as experiências úteis proporcionadas por esse encontro.
Eu gostaria de compartilhar
com os senhores minhas observações sobre a promoção da prosperidade e do desenvolvimento financeiro globais, salvaguardando
a estabilidade e a segurança do regime financeiro internacional, e
sobre maneiras de melhor favorecer o desenvolvimento econômico e social dos países.
Para começar, fortalecer a regulamentação financeira. As finanças estão no cerne da economia
moderna. Um setor financeiro seguro guarda relação com o desenvolvimento econômico e com a
estabilidade social. Em vista dos
impactos amplos e sérios dos riscos financeiros, se um país os
apresenta, ele não apenas arrastará toda sua região para uma turbulência financeira, como também enviará ondas de choque ao
mercado financeiro global, podendo até mesmo desencadear
instabilidade econômica e política
mundial.
Logo, todos os países precisam
reforçar sua regulamentação financeira de modo a evitar riscos
potenciais e, conjuntamente, conservar a segurança e estabilidade
do regime financeiro mundial.
Em segundo lugar, procurar
aperfeiçoar os serviços financeiros. As finanças desempenham
papel essencial na distribuição de
recursos. É responsabilidade e
obrigação conjunta da comunidade financeira favorecer o desenvolvimento econômico e social.
Todas as instituições financeiras devem fornecer a seus clientes
serviços abrangentes, convenientes, velozes e seguros, intensificando sua consciência de serviço
e melhorando seus padrões de
atendimento.
Apenas quando os provedores
de serviços financeiros forem capazes de bem atender ao desenvolvimento econômico e social é
que o setor poderá apresentar
progressos constantes.
Em terceiro lugar, promover
ativamente as inovações financeiras. A inovação constitui fonte
inesgotável da energia que move o
desenvolvimento econômico e financeiro. As
empresas financeiras
devem acompanhar a
tendência do desenvolvimento econômico,
científico e tecnológico
do mundo atual. E promover ativamente a inovação abrangente no interior das instituições financeiras, o alinhamento do setor, dos produtos e do know-how, ao
mesmo tempo em que
trabalham para ampliar
suas operações comerciais e torná-las mais dinâmicas e mais eficientes em relação aos custos, de modo a facilitar o
desenvolvimento financeiro e econômico sustentável.
Em quarto lugar, conduzir intercâmbios e cooperação amplos.
O fortalecimento dos intercâmbios e da cooperação financeiros
entre países é o requisito objetivo
da crescente globalização financeira e econômica.
Todos os governos e as comunidades financeiras devem apoiar-se e coordenar-se entre si nas
áreas de prevenção de riscos, regulamentação econômica, instrumentos tecnológicos e intercâmbios de pessoal, e, com esforços
coordenados, combater a especulação financeira internacional, a
lavagem de dinheiro e outros crimes financeiros.
Eles devem também, através de
meios e canais diversos, compartilhar informações e trocar idéias
regularmente sobre as principais
questões e os problemas financeiros, aprendendo com as experiências bem sucedidas uns dos outros e promovendo o desenvolvimento econômico e financeiro seguro no mundo.
Graças a 25 anos de reforma e de
abertura, a China gerou uma história de sucesso notável, história
essa que conquistou reconhecimento mundial. A estrutura econômica tradicional do planejamento central foi inicialmente
transformada em uma estrutura
de economia de mercado socialista, e a economia antes fechada e
semifechada se transformou numa economia que se abre para o
mundo inteiro.
O PIB [Produto Interno Bruto]
chinês vem crescendo à média
anual de 9,4%. Sua força nacional
global vem crescendo de maneira
marcante, e a população chinesa,
de modo geral, vive uma vida de
relativo conforto.
Em 2003, superamos as dificuldades provocadas pela Sars [síndrome respiratória aguda grave] e
desastres naturais graves, tendo
alcançado um crescimento de
9,1%, levando o PIB per capita a
superar a marca dos US$ 1.000 pela primeira vez.
Neste ano, a economia chinesa
vem conservando seu crescimento acelerado, com melhores retornos econômicos, ampliação
maior do comércio externo, operação financeira tranqüila e estabilidade básica na taxa de câmbio
do yuan [a moeda chinesa].
Nós nos fixamos à meta grandiosa de erguer uma sociedade
próspera, de maneira global, nos
primeiros 20
anos do século
21. Até o ano
2020, o PIB
chinês terá se
multiplicado
por quatro em
relação ao de
2000, com o
PIB per capita
chegando aos
US$ 3.000. Para alcançar essa meta, daremos prioridade máxima aos
interesses da
população; vamos cultivar e
implementar
um conceito
científico de
desenvolvimento e promover o desenvolvimento abrangente, coordenado e sustentável
da economia e da sociedade. Vamos continuar a aprofundar as
reformas e melhorar constantemente nossa economia de mercado socialista. Vamos aderir à política de abertura ao mundo externo, com esforços para aumentar
ainda mais a abertura econômica
do país. O programa chinês de reforma e abertura e seu desenvolvimento econômico acelerado
vão não apenas garantir benefícios à população chinesa, mas
também contribuir para o desenvolvimento de outros países, ao
gerar oportunidades enormes para suas comunidades empresariais e financeiras.
O governo chinês abre os braços
às instituições financeiras estrangeiras. Elas são bem-vindas para
operar na China ou para cooperar
com suas equivalentes chinesas.
Atribuímos grande importância
ao papel crucial do setor financeiro na economia moderna e adotamos uma série de políticas e medidas para facilitar o desenvolvimento desse setor. Com a expansão vigorosa, as reformas estruturais aprofundadas e a abertura
gradativamente maior ao mundo
externo verificados nos últimos
20 anos ou mais, o setor financeiro chinês vem desempenhando
um papel crescente no desenvolvimento econômico e social da
China e aumentou sua influência
no mundo.
Para responder à tendência geral verificada no desenvolvimento
econômico e financeiro mundial e
às necessidades da modernização
da China, vamos intensificar nossas reformas e promover a abertura do setor financeiro, promovendo energicamente seu desenvolvimento seguro.
Para começar, vamos promover
a reforma financeira em todas as
áreas. A chave para isso é aprofundar a reforma das empresas financeiras. As três maiores companhias de seguros da China
completaram seus processos de
reorganização e reestruturação.
O projeto piloto de transformação do Banco da China e do Banco
de Construção da China em instituições com acionistas já está bem
encaminhado. A expectativa é
que dentro de três anos esses dois
bancos comerciais estatais possam contar com mecanismos
bem estabelecidos operacionais e
de governança e possam
emergir como bancos
comerciais de acionistas, dotados de competitividade internacional.
Também vamos introduzir reformas a outras
empresas financeiras,
com vistas a transformá-las em empresas
modernas dotadas de
capital suficiente, administração interna forte,
operações seguras, bons
serviços e retornos econômicos satisfatórios.
Em segundo lugar, vamos abrir o setor financeiro ao mundo externo.
Até o final de 2003, foram instaladas na China
191 agências de bancos
estrangeiros, duas corretoras com participação acionária conjunta, 11 firmas
de gerenciamento de fundos com
participação acionária conjunta e
67 filiais de seguradoras estrangeiras.
De maneira condizente com os
compromissos que assumimos
junto à OMC [Organização Mundial do Comércio], vamos continuar a rever e classificar nossas
leis e nossos regulamentos, ampliando o acesso geográfico e operacional a bancos estrangeiros,
corretoras e seguradoras, ao mesmo tempo encorajando o envolvimento maior de companhias financeiras estrangeiras na reforma
das estatais da China, nos programas de desenvolvimento ocidentais e na reativação da velha base
industrial do nordeste da China.
Dentro do espírito de evitar riscos, vamos levantar as restrições
impostas às transações de capital
entre países, de maneira seletiva e
gradativa, passo a passo, levando,
após certo prazo de tempo, à conversibilidade do yuan sob a conta
de capital.
Em terceiro lugar, vamos acelerar as inovações e o desenvolvimento financeiros. No momento,
estamos trabalhando duro para
promover as reformas, a abertura
e o desenvolvimento constante do
mercado de capitais, para padronizar ainda mais o mercado de
ações e de futuros e para desenvolver vigorosamente o mercado
de seguros, com vistas a criar,
com o tempo, um mercado de capitais que seja transparente, eficiente, amplo e seguro, mercado
esse que aumente consideravelmente nossa capacidade de dirigir
o financiamento. Vamos encorajar nossas empresas financeiras a
procurarem as inovações organizacionais, operacionais e de produtos com ênfase maior no financiamento eletrônico e no aperfeiçoamento significativo do atendimento e da competitividade das
firmas financeiras chinesas.
Em quarto lugar, iremos manter
a estabilidade financeira. Vamos
completar ainda mais nossos mecanismos de controle e administração financeira, fortalecer a regulamentação, retificar a ordem
financeira, melhorar nosso sistema de credibilidade e reduzir os
créditos de liquidação duvidosa.
Também vamos melhorar o mecanismo de formação da taxa de
câmbio do yuan, procurar um balanço de pagamentos internacional melhor e manter a estabilidade básica de nossa moeda, em nível razoável e equilibrado. Vamos
zelar por nossa segurança financeira, protegendo-a de possíveis
impactos provocados pelo capital
especulativo.
Promover a prosperidade e o
desenvolvimento financeiro global e salvaguardar a estabilidade e
segurança do regime financeiro
internacional atende aos interesses de todos e de cada um dos países do mundo e requer os esforços
coordenados de todos os governos e das comunidades financeiras do mundo.
Vamos nos dar as mãos, agarrar
as oportunidades, com inovação
ousada e cooperação mais estreita, e trabalhar juntos em prol de
um regime financeiro internacional seguro e eficiente e da expansão maior e mais rápida da economia mundial.
Tradução de Clara Allain
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