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Planalto esboça
justificativa para
promessa quebrada
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Palácio do Planalto já tem
um esboço de discurso que irá
usar para justificar o abandono
da promessa de dobrar o poder
de compra do salário mínimo
até 2006. Em vez de 100% de
aumento real, a idéia é começar
a falar em 100% de valorização
em relação ao dólar.
O argumento, já presente perifericamente nas falas de algumas lideranças governistas, alia
o controle cambial nos últimos
meses ao controle da inflação
para sustentar que o mínimo
está sendo fortalecido.
O raciocínio consiste no seguinte: em janeiro de 2003,
quando começou o governo de
Luiz Inácio Lula da Silva, o dólar estava próximo dos R$ 4 e,
portanto, o salário mínimo de
R$ 200 representava US$ 56.
Com a valorização do real ante o dólar -cotado a R$ 2,93 na
terça-feira-, uma duplicação
do valor cambial, US$ 112 (R$
328) até 2006, mantida a estabilidade da moeda norte-americana, seria muito mais fácil do
que uma duplicação real (descontada a inflação).
Cálculos da oposição dão
conta de que o reajuste neste
ano deveria elevar o mínimo a
R$ 332 e chegar a mais de R$
500 em 2006 para que a promessa de dobrar o valor real de
compra fosse cumprida. Lideranças governistas devem bater
também na tecla de que o controle da inflação proporciona
um salário atualizado por muito mais tempo. No ano passado, o governo deu um aumento
real de 1,23%. Durante a gestão
Fernando Henrique Cardoso
(1995-2002), o aumento médio
real foi de 5% ao ano.
Durante a campanha e no
pronunciamento dos cem dias
de governo, Lula disse que seu
governo dobraria o valor de
compra do salário mínimo.
Ontem, em seu programa de
rádio, repetiu a promessa.
O governo também argumenta que os municípios não
conseguiriam bancar suas folhas de pagamento com um
reajuste significativo e que o salário-família será reajustado.
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