São Paulo, quarta, 22 de abril de 1998

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SISTEMA FINANCEIRO
Segundo o BC do país, medida entra em vigor no 2º semestre e irá abranger instituições estrangeiras
Argentina irá avaliar risco dos bancos

AUGUSTO GAZIR
de Buenos Aires

Os bancos que operam na Argentina receberão notas públicas pelos riscos que oferecem aos depositantes e investidores. Essa avaliação será exposta nas agências e extratos da instituição.
Segundo o Banco Central argentino, o novo modelo é único no mundo. A classificação é obrigatória e abrange os bancos estrangeiros que estão na Argentina. Hoje, ao todo, o país tem 136 instituições bancárias.
Ao contrário do Brasil, não há na Argentina dificuldades para a implantação de bancos estrangeiros.
As notas devem começar a vigorar no segundo semestre deste ano. Quatro empresas estrangeiras estão habilitadas no Banco Central para fazer a avaliação.
Duff & Phelps Credit Rating, Fitch IBA, Standard & Poors International Ratings e Thomson Bankwatch já trabalham para classificar o sistema bancário da Argentina.
Haverá 12 tipos de classificação. As notas vão mostrar a capacidade do banco de honrar compromissos e garantir depósitos efetuados. A avaliação será renovada a cada trimestre.
De acordo com comunicado do Banco Central argentino, a classificação vai dar "maior transparência ao mercado financeiro e mais informações para que os investidores avaliem seus riscos".
Convertibilidade
Para Roberto Lavagna, um dos principais economistas argentinos, o objetivo da medida é reestruturar o sistema bancário argentino para preservar a "convertibilidade" (dispositivo que torna obrigatória a paridade entre o peso e o dólar).
Ele afirmou que a medida vai estimular fusões e a concentração bancária. Com isso, a Argentina terá instituições mais fortes para resistir a crises internacionais.
"Com a convertibilidade, o Banco Central não pode dar ajuda a bancos com dificuldade. Se há problemas, o banco tem de ser forte, ter o respaldo de sua praça no estrangeiro para se garantir", disse Lavagna.
Segundo o economista, a medida pode tornar o mercado argentino mais atrativo aos investidores, em relação ao do Brasil.
Brasil
O diretor-executivo do Bozano, Simonsen em Buenos Aires, Luiz Antônio Pretti, afirmou que a medida não vai prejudicar bancos brasileiros que atuam na Argentina, como Itaú, Banco do Brasil e Real. "Essa medida está sendo tomada em função da crise de bancos pequenos argentinos. O Banco Central quer dividir um pouco com as avaliadoras internacionais a responsabilidade", disse Pretti.



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