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CRISE EM WALL STREET
Analistas teriam dado dicas furadas de propósito; grupo nega estar reconhecendo culpa com acordo
Merrill paga US$ 100 mi por enganar cliente
DA REDAÇÃO
A Merrill Lynch & Company,
grupo norte-americano a que
pertence a maior corretora de
Wall Street, anunciou ontem que
desembolsará US$ 100 milhões
em um acordo para encerrar o
processo no qual é acusada de enganar investidores que pagavam
para obter análises e dicas teoricamente isentas.
A corporação fará ainda reformas para evitar o conflito de interesses entre as divisões de consultoria e de investimentos.
Para a Merrill, que tenta acabar
com uma séria crise de credibilidade, o acordo não significa um
reconhecimento ou confissão de
que tenha cometido práticas irregulares nem ilegais. Com ele, a
companhia tenta se esquivar de
uma enxurrada de ações individuais e coletivas, que poderia representar custos ainda mais elevados com indenizações.
O banco de investimentos Merrill Lynch, que pertence ao grupo,
é um dos que rebaixaram os papéis da dívida brasileira no começo do mês. Outras instituições financeiras também estão sendo
investigadas sob suspeitas de conflitos de interesse. Os analistas da
Merrill teriam lesado investidores
em milhões de dólares ao aconselhar, propositalmente, a compra
de ações que sabiam ser grandes
fiascos. O objetivo das recomendações furadas era melhorar os
resultados da divisão de investimentos.
A Promotoria de Nova York,
que iniciou o inquérito há dez meses, teve acesso a e-mails em que
analistas condenam, reservadamente, papéis que haviam recomendado publicamente. Um dos
envolvidos é o analista de internet
Henry Blodgetl, até pouco tempo
uma das estrelas de Wall Street.
"Pedimos desculpas a clientes,
acionistas e funcionários pelas
mensagens inapropriadas", disse
a Merrill em um comunicado.
O procurador-geral de Nova
York, Eliot Spitzer, ampliou as investigações para praticamente todos os grandes bancos que operam no mercado nova-iorquino.
São eles: Morgan Stanley (que
também rebaixou os papéis brasileiros recentemente), Credit Suisse First Boston, Salomon Smith
Barney e Goldman Sachs.
"Ao adotar as reformas previstas no acordo, a Merrill Lynch estabelece um novo padrão a ser seguidos pelas outras instituições",
afirmou Spitzer, em uma nota divulgada ontem.
Entre as mudanças decididas
está a reformulação da maneira
como os analistas e corretores serão remunerados e receberão comissões. Um novo sistema vai monitorar a comunicação eletrônica entre os funcionários, para
coibir o conflito de interesses.
Além disso, todas as recomendações e classificações de risco serão revisadas por funcionários independentes.
A Merrill pagará US$ 48 milhões a Nova York e US$ 52 milhões a outros Estados que também entraram no processo. O valor é o maior desde os US$ 100 milhões desembolsados pelo CSFB,
em dezembro, para encerrar um
processo em que o banco era acusado de manipular o lançamento
de ações na Bolsa nova-iorquina.
Com agências internacionais
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