São Paulo, sábado, 22 de maio de 2004

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DIAS DE TENSÃO

Segundo o grupo, "deterioração das condições do mercado" impossibilitou emissão de até R$ 900 mi em debêntures

Turbulência barra captação do Pão de Açúcar

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

As condições adversas do mercado financeiro fizeram o grupo Pão de Açúcar cancelar uma emissão de debêntures planejada pela companhia.
A operação envolveria a captação de até R$ 900 milhões em debêntures conversíveis em ações. As debêntures são títulos emitidos por uma empresa para captar recursos no mercado interno. Esses títulos pagam juros, sendo resgatados após determinado período. Em comunicado enviado à Bolsa de Valores de São Paulo, a empresa fala da "deterioração das condições do mercado para a captação" de recursos, deixando em aberto a possibilidade de retomar a operação quando houver condições mais favoráveis.

Menos turbulência
Ontem o mercado teve um dia menos turbulento que os agitados negócios de quinta-feira. O dólar, depois de muito sobe-e-desce, fechou em baixa de 0,56%, a R$ 3,196. O dólar atingiu na manhã de ontem os R$ 3,24, cotação que trouxe exportadores ao mercado de câmbio para vender moeda aproveitando a alta cotação.
A menor pressão sobre o valor do petróleo ajudou a fazer com que o dia fosse menos turbulento. A declaração de um ministro saudita sobre a proposta de elevar a produção de petróleo, a ser analisada pela Opep, fez o preço do produto fechar em baixa.
O risco-país do Brasil fechou em baixa de 1,19%, aos 749 pontos.
Para o chefe da mesa de câmbio do banco ING, Alexandre Vasarhely, "apesar de o dólar estar um pouco caro", o Banco Central não deve começar a atuar no mercado, como há algum tempo atrás.
Já na Bolsa de Mercadorias & Futuros, a pressão sobre as taxas futuras de juros seguiu forte. A taxa no contrato DI (que acompanha os juros interbancários) com prazo em janeiro subiu de 17,76% para 18,04%. Esse é o contrato mais negociado.
Na quinta, primeiro dia de negócios após o Copom (Comitê de Política Monetária) decidir manter os juros em 16% anuais, a turbulência foi grande no mercado.
Segundo relatório do Bradesco, os juros privados com prazo de um ano subiram de 17,95% para 18,95% na quinta. Os juros futuros em alta apontam a expectativa de que a taxa básica não caia mais neste ano. Ao contrário, pode até ser elevada no último trimestre.

Ações
A Bovespa encerrou ontem com alta de 0,25%, mas, na semana, as perdas ficaram em 1,75%.
No fim da tarde, a informação de que o governo central (que inclui Tesouro Nacional, Previdência e BC) conseguiu realizar um superávit primário (receitas menos despesas sem incluir gastos com juros) de R$ 25,15 bilhões de janeiro a abril foi bem recebida no mercado. O esforço fiscal foi superior à meta estabelecida no orçamento da União.
Com a alta do dólar, que teve valorização de 3,36% diante do real na semana, as ações de empresas exportadoras foram o destaque dos últimos dias na Bolsa.
A maior alta acumulada na semana ficou com a ação ON (ordinária, com direito a voto) da Siderúrgica Nacional, que subiu 14% no período, seguida pelos papéis Aracruz PNB (8,5%) e Vale do Rio Doce ON (8,39%).
Para Carlos Alberto Abdalla, diretor da corretora Souza Barros, apesar de ontem ter sido um dia mais calmo, "o dólar não deve baixar muito de preço nos próximos dias".


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