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DIAS DE TENSÃO
Segundo o grupo, "deterioração das condições do mercado" impossibilitou emissão de até R$ 900 mi em debêntures
Turbulência barra captação do Pão de Açúcar
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
As condições adversas do mercado financeiro fizeram o grupo
Pão de Açúcar cancelar uma
emissão de debêntures planejada
pela companhia.
A operação envolveria a captação de até R$ 900 milhões em debêntures conversíveis em ações.
As debêntures são títulos emitidos por uma empresa para captar
recursos no mercado interno. Esses títulos pagam juros, sendo resgatados após determinado período. Em comunicado enviado à
Bolsa de Valores de São Paulo, a
empresa fala da "deterioração das
condições do mercado para a captação" de recursos, deixando em
aberto a possibilidade de retomar
a operação quando houver condições mais favoráveis.
Menos turbulência
Ontem o mercado teve um dia
menos turbulento que os agitados
negócios de quinta-feira. O dólar,
depois de muito sobe-e-desce, fechou em baixa de 0,56%, a R$
3,196. O dólar atingiu na manhã
de ontem os R$ 3,24, cotação que
trouxe exportadores ao mercado
de câmbio para vender moeda
aproveitando a alta cotação.
A menor pressão sobre o valor
do petróleo ajudou a fazer com
que o dia fosse menos turbulento.
A declaração de um ministro saudita sobre a proposta de elevar a
produção de petróleo, a ser analisada pela Opep, fez o preço do
produto fechar em baixa.
O risco-país do Brasil fechou em
baixa de 1,19%, aos 749 pontos.
Para o chefe da mesa de câmbio
do banco ING, Alexandre Vasarhely, "apesar de o dólar estar um
pouco caro", o Banco Central não
deve começar a atuar no mercado, como há algum tempo atrás.
Já na Bolsa de Mercadorias &
Futuros, a pressão sobre as taxas
futuras de juros seguiu forte. A taxa no contrato DI (que acompanha os juros interbancários) com
prazo em janeiro subiu de 17,76%
para 18,04%. Esse é o contrato
mais negociado.
Na quinta, primeiro dia de negócios após o Copom (Comitê de
Política Monetária) decidir manter os juros em 16% anuais, a turbulência foi grande no mercado.
Segundo relatório do Bradesco,
os juros privados com prazo de
um ano subiram de 17,95% para
18,95% na quinta. Os juros futuros em alta apontam a expectativa
de que a taxa básica não caia mais
neste ano. Ao contrário, pode até
ser elevada no último trimestre.
Ações
A Bovespa encerrou ontem com
alta de 0,25%, mas, na semana, as
perdas ficaram em 1,75%.
No fim da tarde, a informação
de que o governo central (que inclui Tesouro Nacional, Previdência e BC) conseguiu realizar um
superávit primário (receitas menos despesas sem incluir gastos
com juros) de R$ 25,15 bilhões de
janeiro a abril foi bem recebida no
mercado. O esforço fiscal foi superior à meta estabelecida no orçamento da União.
Com a alta do dólar, que teve valorização de 3,36% diante do real
na semana, as ações de empresas
exportadoras foram o destaque
dos últimos dias na Bolsa.
A maior alta acumulada na semana ficou com a ação ON (ordinária, com direito a voto) da Siderúrgica Nacional, que subiu 14%
no período, seguida pelos papéis
Aracruz PNB (8,5%) e Vale do Rio
Doce ON (8,39%).
Para Carlos Alberto Abdalla, diretor da corretora Souza Barros,
apesar de ontem ter sido um dia
mais calmo, "o dólar não deve
baixar muito de preço nos próximos dias".
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