São Paulo, segunda-feira, 22 de maio de 2006 |
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CEF emprestará R$ 60 bi, diz presidente
SANDRA BALBI FOLHA - Qual o futuro da Caixa, num cenário de queda da taxa Selic, já que ela aplica mais em títulos do governo do que no crédito? MARIA FERNANDA RAMOS COELHO - Isso vem mudando nos últimos anos, e o resultado do primeiro trimestre, quando tivemos um lucro recorde para o período, de R$ 700 milhões, consolida uma estratégia que tem como foco a expansão do crédito. Em 2003, 21% das receitas da Caixa vinham das operações de crédito e 59%, das operações de tesouraria [aplicações em títulos públicos e outros valores mobiliários]. No primeiro trimestre, as operações de crédito representaram 30% das receitas da Caixa. FOLHA - A Caixa não está entrando um pouco tarde nesse mercado? COELHO - A Caixa passou por uma reestruturação patrimonial em 2001 e esse processo começou naquela época. Em 2002 as operações de crédito comercial atingiram R$ 15,7 bilhões; no ano passado alcançaram R$ 35,8 bilhões e nossa meta para 2006 é ultrapassar a marca de R$ 50 bilhões. FOLHA - Quanto a Caixa tem aplicado hoje em títulos públicos? COELHO - A carteira de títulos da Caixa é de aproximadamente R$ 96 bilhões, valor um pouco inferior ao do final de 2005. Não há nenhuma concorrência dos recursos alocados em tesouraria com aqueles dispostos para crédito. Por enquanto, não temos limitação de oferta de crédito. A Caixa pretende emprestar mais de R$ 62 bilhões neste ano (incluído aí o crédito imobiliário) e pode até emprestar mais, se houver demanda. FOLHA - Quanto a Caixa vai destinar ao crédito imobiliário este ano? COELHO - Serão investidos R$ 10,2 bilhões. Em 2005, foram R$ 9,1 bilhões no total. Até a semana passada, já investimos R$ 4,2 bilhões em novos financiamentos imobiliários. Esse valor é 105% superior ao realizado no mesmo período do ano passado. Estes são números surpreendentes. FOLHA - Quais as faixas de renda que poderão tomar esses recursos? COELHO - Atendemos a todas as faixas de renda. O déficit habitacional, no entanto, é concentrado nas famílias com renda de até cinco salários mínimos, em que há necessidade de sete milhões de unidades. Dos R$ 10,2 bilhões que a Caixa vai destinar ao crédito imobiliário neste ano, cerca de R$ 5 bilhões são recursos do FGTS. E 85% desses recursos são destinados a famílias com renda de até cinco salários mínimos. Em 2005 esse percentual chegou a 77% e até 2002 era de 50%. Do total de recursos que destinaremos neste ano ao crédito imobiliário, R$ 2 bilhões irão para a classe média. FOLHA - Por que a rentabilidade da
Caixa tem sido inferior à dos bancos
privados?
COELHO - A Caixa é um banco
público e busca conciliar a função de banco público com o resultado esperado. Os juros do
crédito pessoal, de 2,83% ao
mês, são os mais baixos do mercado, por exemplo. Também
reduzimos as taxas de prestação de serviços governamentais, que são hoje 32% menores
que as praticadas em 2002.
Mesmo assim, no primeiro trimestre o retorno sobre o patrimônio líquido foi de 37%, em linha com o do setor privado. |
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