São Paulo, quinta-feira, 22 de maio de 2008

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Serra e Lula negociam desde início do ano; presidente quer garantir boa relação

KENNEDY ALENCAR
SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Lula e o governador José Serra (SP) trataram da venda da Nossa Caixa no início do ano, quando o tucano veio a Brasília discutir a hoje fracassada tentativa de privatizar a Cesp. Na época, Serra disse a Lula que não estava interessado em manter o banco e pediu ao presidente que analisasse a possibilidade de o BB adquiri-lo. Serra lembrou que o BB estava incorporando outros bancos estaduais, na sua estratégia de se fortalecer.
Lula respondeu que sua equipe analisaria o caso. O BB concluiu que o negócio poderia ser interessante e começou a fazer os estudos para a incorporação.
Lula crê que tira dupla vantagem com o negócio. Além de fortalecer o BB diante do avanço dos bancos privados, consegue manter boa relação com o provável candidato tucano à sua sucessão. Assim, se Serra vencer, terá condições de negociar uma transição civilizada.
Na semana passada, Serra esteve em Brasília para reunião com a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), quando foi informado que o negócio estava caminhando bem. Anteontem, ouviu de Lula que a operação estava praticamente fechada.
A operações servem a outro objetivo do presidente, fortalecer o BB impedindo que, na sua gestão, perca a liderança nacional para a agressiva concorrência privada, que também vem comprando bancos menores.
Por ser público, o BB tem dificuldades legais para adquirir outros bancos e abriu caminho alternativo incorporando instituições públicas que sobraram depois da onda de privatizações dos anos 1990. O governo estadual tem 71,25% das ações do banco paulista e outros 28,75% estão em poder do mercado.
Na estratégia de ampliação do BB, o Estado de São Paulo é estratégico. Desde 2000, o banco tenta ampliar sua participação no Estado, onde abriu 84 agências nos últimos cinco anos. Apesar de intensificar a atuação regional, o BB ainda amargava a quinta posição no mercado empresarial paulista e a oitava entre pessoas físicas.
O presidente da Nossa Caixa, Milton Luiz de Melo Santos, é uma indicação do presidente do BC, Henrique Meirelles, de quem foi chefe-de-gabinete no primeiro mandato de Lula.


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