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Serra e Lula negociam desde início do ano; presidente quer garantir boa relação
KENNEDY ALENCAR
SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Lula e o governador José Serra (SP) trataram
da venda da Nossa Caixa no início do ano, quando o tucano
veio a Brasília discutir a hoje
fracassada tentativa de privatizar a Cesp. Na época, Serra disse a Lula que não estava interessado em manter o banco e
pediu ao presidente que analisasse a possibilidade de o BB
adquiri-lo. Serra lembrou que o
BB estava incorporando outros
bancos estaduais, na sua estratégia de se fortalecer.
Lula respondeu que sua equipe analisaria o caso. O BB concluiu que o negócio poderia ser
interessante e começou a fazer
os estudos para a incorporação.
Lula crê que tira dupla vantagem com o negócio. Além de
fortalecer o BB diante do avanço dos bancos privados, consegue manter boa relação com o
provável candidato tucano à
sua sucessão. Assim, se Serra
vencer, terá condições de negociar uma transição civilizada.
Na semana passada, Serra esteve em Brasília para reunião
com a ministra Dilma Rousseff
(Casa Civil), quando foi informado que o negócio estava caminhando bem. Anteontem,
ouviu de Lula que a operação
estava praticamente fechada.
A operações servem a outro
objetivo do presidente, fortalecer o BB impedindo que, na sua
gestão, perca a liderança nacional para a agressiva concorrência privada, que também vem
comprando bancos menores.
Por ser público, o BB tem dificuldades legais para adquirir
outros bancos e abriu caminho
alternativo incorporando instituições públicas que sobraram
depois da onda de privatizações
dos anos 1990. O governo estadual tem 71,25% das ações do
banco paulista e outros 28,75%
estão em poder do mercado.
Na estratégia de ampliação
do BB, o Estado de São Paulo é
estratégico. Desde 2000, o banco tenta ampliar sua participação no Estado, onde abriu 84
agências nos últimos cinco
anos. Apesar de intensificar a
atuação regional, o BB ainda
amargava a quinta posição no
mercado empresarial paulista e
a oitava entre pessoas físicas.
O presidente da Nossa Caixa,
Milton Luiz de Melo Santos, é
uma indicação do presidente
do BC, Henrique Meirelles, de
quem foi chefe-de-gabinete no
primeiro mandato de Lula.
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