São Paulo, quinta-feira, 22 de maio de 2008

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Compra "vai depender do preço", diz Serra

CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O governador de São Paulo, José Serra, fez questão de ressaltar ontem que "a declaração de intenção [de compra do banco Nossa Caixa] não significa negócio fechado".
"É o interesse do Banco do Brasil de comprar a Nossa Caixa. Isso vai depender do preço. O preço vai depender da avaliação. O que o governo fez foi autorizar que tenha conversação", explicou o governador, afirmando que a venda requer que "se chegue a um entendimento quanto à avaliação, o que não é fácil".
Serra disse ainda que, "como a Nossa Caixa participa do Novo Mercado [da Bolsa, que exige mais transparência], é fundamental a informação à sociedade". Daí o fato relevante.
Segundo integrantes da equipe econômica do governo paulista, a negociação -que requer avaliação do banco- deverá consumir até um ano.
Serra não quis comentar sobre a expectativa de arrecadação com o negócio, o prazo estimado para a operação nem o destino dos recursos.
Um dos atrativos para o Banco do Brasil são os depósitos judiciais na carteira da Nossa Caixa, uma prerrogativa só de estatais.
A venda dependerá de aprovação de projeto na Assembléia Legislativa de São Paulo. Mas, diferentemente do fracasso processo de privatização da Cesp -estimado em R$ 7 bilhões e que enfrentou resistência da oposição e dos servidores-, a expectativa no governo é que a possível venda da Nossa Caixa para o Banco do Brasil não sofra tantas restrições pois não seria privatização.
Além disso, a participação do governo federal aplacaria a oposição dos petistas na Assembléia estadual.
Com a venda, o governo do Estado ficaria sem banco e se limitaria a criar uma agência de fomento para estimular investimentos no Estado. Parte dos recursos saídos do negócio alimentaria a própria agência de desenvolvimento.
Mas o Plano Plurianual deixa clara a destinação desse dinheiro: investimentos em transportes sobre trilhos, as obras do Rodoanel, construção de estradas vicinais e ampliação da rede pública de hospitais.
Em 2006, ano da eleição de Serra, o governo do Estado estimava arrecadar pelo menos R$ 800 milhões com a venda do volume que excede o controle acionário do Estado no banco, cerca de 20% das ações. A venda estava programada para 16 de outubro, logo após a eleição. Mas Serra pediu que o então governador, Cláudio Lembo (DEM), suspendesse-a, sob o argumento de que, no fim de governo, as ações poderiam ser desvalorizadas.


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