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MERCADO EM TRANSE
Secretário dos EUA diz que FMI não deve fornecer dinheiro novo ao país; risco- país volta a subir
Dólar só sobe e tem o maior preço do real
ANA PAULA RAGAZZI
DA REPORTAGEM LOCAL
O fundo do poço está próximo e
o Banco Central deverá adotar
novas medidas na próxima segunda-feira, a fim de conter a valorização do dólar diante do real.
Essa era a expectativa do mercado
ao fim do nervoso pregão de ontem. O dólar encerrou o dia em alta de 2,53%, cotado a R$ 2,84. Na
semana, se valorizou em 4,6%.
Em termos nominais, a moeda
americana atingiu sua maior cotação do Real. Em termos reais,
descontada a inflação, a cotação
está abaixo de seu recorde anterior -os R$ 2,835 registrados em
setembro do ano passado, mês
dos atentados terroristas nos
EUA. Para superar a cotação de 21
de setembro, em termos reais, o
dólar teria de valer acima de R$
2,91 hoje. O risco-país subiu mais
7,1% ontem. Continua a sensação
de que o Brasil poderá dar um calote na sua dívida, o que faz com
que investidores tentem se livrar
dos papéis brasileiros.
Os negócios repercutiram ontem o rebaixamento do Brasil pela
Fitch, anunciado na quinta-feira,
com os mercados fechados.
À tarde, a moeda chegou a reduzir sua alta, logo após um leilão de
"swap" cambial -uma espécie de
seguro para proteger investidores
de possíveis perdas com a variação cambial. A demanda pelos
contratos superou em três vezes a
oferta. Isso fortalece a idéia de que
o câmbio é pressionado pela falta
de dólares disponíveis no mercado. Por momentos, ontem, não
houve negociações, pois ninguém
estava disposto a vender a moeda.
Também afetaram o dia declarações do secretário do Tesouro
americano, Paul O'Neill, de que
irá se opor à liberação de recursos
adicionais do FMI para o Brasil.
Para Guilherme da Nóbrega, do
banco Fibra, foi uma fala "sem pé
nem cabeça": "O Brasil não fez
nenhum pedido adicional, apenas
renegociou um acordo que está
em vigor. Isso só eleva a tensão".
Para os analistas, se o BC não
atuar firme na segunda, não há
um teto previsível para o potencial de alta do dólar.
"Não acredito em uma reversão
espontânea da tendência atual. O
BC precisa fazer algo", diz Miriam
Tavares, da AGK. Entre as medidas esperadas pelo mercado está a
elevação da alíquota dos depósitos compulsórios dos bancos à
vista e a prazo.
Desde o anúncio do "pacote calmante", o BC vendeu dólares em
três dias, com intervenções discretas e insuficientes para conter a
alta. Na sexta-feira, vendeu US$
10 milhões. Na terça, US$ 60 milhões. O valor vendido na quinta
será conhecido semana que vem.
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