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AMARGO REGRESSO
Demitido demora para voltar ao mercado
Vendas fracas, vagas com salário menor e idade são obstáculos para quem perdeu emprego
DA REPORTAGEM LOCAL
Salário entre R$ 900 e R$ 1.200,
mais de 40 anos de idade e "anos
de casa". Esse é o perfil do trabalhador mais afetado pelo desemprego no setor do comércio, informa o Sindicato dos Empregados no Comércio de São Paulo.
"Com as demissões, temos assistido à troca de empregados
que ganham um pouco mais e
têm mais experiência por aqueles que aceitam salários menores", afirma Ricardo Patah, vice-presidente do sindicato.
"Para quem é demitido, a situação se agrava. Além de não
conseguir arranjar emprego na
faixa salarial anterior, o desempregado tem de enfrentar o problema da idade", diz.
O Dieese registrou, em sua última pesquisa mensal de emprego e desemprego, que os salários
no comércio tiveram queda de
7,9% em março deste ano em relação a março de 2002.
Antônio Alves de Souza, ex-funcionário de loja de madeiras
da capital, já pensa em voltar para o Rio Grande do Norte e trabalhar na agricultura, caso não
consiga emprego no comércio
paulista. "Tenho cinco filhos, estudei até a quarta série e sei que
vai ser difícil arrumar emprego
com carteira assinada."
Mesmo quem tem mais escolaridade e menos idade enfrenta
dificuldades na hora de arrumar
emprego. "O movimento estava
muito fraco. Esse foi o motivo da
minha demissão, segundo meu
chefe. Mas sei que arranjar uma
vaga está difícil. As lojas pedem
boa aparência e exigem cada vez
mais experiência", diz Antonia
Gueibe da Silva Ferreira, ex-funcionária de uma loja de roupas.
Além do achatamento nos
rendimentos, o sindicato também verificou aumento no número de homologações (pagamento das verbas rescisórias no
encerramento do contrato de
trabalho) feitas na entidade. De
janeiro a maio foram 19.384 contra 15.619 no mesmo período de
2002. "Só no mês passado foram
4.039, enquanto em maio de
2002 foram 3.197", diz Patah.
O técnico do Dieese José Silvestre lembra que no mês de
abril na região metropolitana foram fechadas 49 mil vagas no comércio -em 2002 foram criados 5.000 postos de trabalho. A
queda no nível de ocupação no
comércio foi de 4,7% na Grande
São Paulo em abril de 2003 em
relação a abril de 2002.
(CR e FF)
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