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CRISE NO AR
Doença e guerra no Iraque fazem taxa de ocupação cair a níveis similares ao pós-ataques terroristas de 2001
Com Sars, aéreas revivem 11 de setembro
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Agora é fato: as empresas aéreas
no mundo mediram o tamanho
do tombo que levaram com a histeria em torno da epidemia de
Sars (síndrome respiratória aguda grave) e com a guerra no Iraque. Concluíram que a crise atual
teve um efeito nas contas similar
ao registrado pós-atentados terroristas de 11 de setembro de 2001.
Um exemplo: na United Airlines a taxa média de ocupação das
aeronaves, até maio, ficou em
70,2%. O índice é bem próximo
ao apurado no primeiro trimestre
de 2002 (70%) -período posterior à queda das torres gêmeas-
e inferior à média acumulada em
todo o ano passado (72%).
Dados da Iata (Associação Internacional do Transporte Aéreo)
revelam em abril -quando existiam 3,4 mil vítimas de Sars-
houve queda de 18% no número
de assentos ocupados nas empresas aéreas. Essa retração supera à
registrada nos primeiros meses
do ano passado, depois do atentado em Nova York e Washington.
Nesse período, até esperava-se
uma redução na ocupação de assentos de 20%, em média, nas empresas no mundo. Chegou-se, na
prática, a 11%, informa a Continental Airlines em sua página na
web. "Pelos números divulgados,
a retração atual é igual ou até mais
profunda do que a verificada após
os atentados", diz Luiz da Gama
Mór, vice-presidente da TAP.
A companhia esperava acumular lucro líquido de 12 milhões
em 2003, após ficar no zero a zero
em 2002, mas informa que será
"mais difícil" chegar nesse número dentro do atual cenário.
Ainda na Europa, a Air France
teve queda na taxa de ocupação
em 2003, em relação ao período
pós-atentados. Nas primeira semanas depois da queda das torres
gêmeas, o índice médio de ocupação ficou entre 77% e 80%, subiu
para 81% no início de 2002 e caiu
para 73,5% em abril deste ano.
Problemas estruturais do setor e
a necessidade de as empresas fazerem gastos urgentes após o ataque terrorista de 2001 tornou
mais crítico o atual cenário. As
companhias tiveram de desembolsar mais recursos com segurança dos aviões -a TAP gastou
25 milhões, desde meados do
ano passado, só com isso.
Elas ainda amargaram uma série de greves que pipocaram desde
janeiro -forçando, portanto, o
cancelamento de vôos e queda na
venda de bilhetes.
Analistas do setor esclarecem,
no entanto, que é difícil saber em
que nível essa retração tem como
principal causa a epidemia e a
guerra. Ou a retração econômica
mundial e recente aumento nas
tarifas de certas companhias têm
peso maior nessa conta.
Na avaliação da United Airlines,
em nota recente à imprensa, uma
queda tão brusca nas taxas de ocupação das companhias, num período tão curto, não poderia ocorrer apenas por razões de elevação
nos preços das passagens.
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