São Paulo, quarta-feira, 22 de junho de 2005

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CONTAS EXTERNAS

Saldo nas transações correntes deve chegar a US$ 4,6 bi, diz BC

Exportações em alta elevam previsão de superávit externo

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os bons resultados alcançados pela balança comercial fizeram com que o Banco Central aumentasse em mais de 100% sua projeção para o resultado das contas externas neste ano. A estimativa para o superávit em transações correntes -que inclui as negociações de bens e serviços com outros países- passou de US$ 2,1 bilhões para US$ 4,6 bilhões.
Essa elevação se deveu, principalmente, à alteração na previsão para a balança: a expectativa do BC, agora, é que as exportações brasileiras atinjam US$ 108 bilhões neste ano, o que levaria o saldo comercial a US$ 30 bilhões. Antes, previa US$ 27 bilhões.
"As exportações têm crescido bem mais do que imaginávamos", afirma o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes. No ano passado, as vendas de mercadorias para o exterior somaram US$ 96,475 bilhões, e o Ministério do Desenvolvimento já diz que esse valor pode chegar a US$ 112 bilhões em 2005 -acima das estimativas do BC.
Exportações, balança comercial e transações correntes são alguns dos indicadores da vulnerabilidade externa de um país. As transações correntes incluem, além do comércio exterior, a balança de serviços (remessas de lucros, pagamento de juros da dívida externa, gastos com viagens internacionais, entre outros) e as transferências unilaterais (dinheiro que brasileiros no exterior enviam para o Brasil, e vice-versa).
Quando essa conta fica negativa, são necessárias outras fontes de capital externo -empréstimos e investimentos- para que as contas externas fiquem equilibradas, ou seja, para que o volume de dólares que entra no país compense as remessas.
Normalmente, o Brasil é um país com déficit em transações correntes, por causa, principalmente, dos elevados gastos com juros da dívida externa. De 2003 para cá, porém, a situação se inverteu. Impulsionadas pela forte desvalorização do real de 2002, as exportações têm registrado sucessivos recordes, ajudando a manter as contas externas no azul.
Os resultados só não são mais expressivos por causa de fatores como o aumento nas remessas de lucros e dividendos para fora do país. Entre janeiro e maio deste ano, as multinacionais instaladas no Brasil enviaram US$ 5,070 bilhões ao exterior, valor 56,6% mais elevado do que o registrado no mesmo período de 2004.
Esse crescimento fez o BC aumentar de US$ 7,8 bilhões para US$ 9 bilhões sua estimativa para o total de remessas de lucros e dividendos esperado para este ano. Em 2004, as empresas enviaram US$ 7,3 bilhões ao exterior.
Para Lopes, são três os motivos das maiores remessas de lucros. Um deles seria a maior rentabilidade das empresas em 2004, quando a economia cresceu 4,9%.
O comportamento do câmbio, diz o funcionário do BC, também ajudou a inflar esses números. Isso porque, com o câmbio mais forte, a mesma quantidade de reais apurada por uma empresa como lucro pode comprar um volume maior de dólares a ser enviado à sua matriz. Entre maio de 2004 e maior de 2005, o dólar acumula uma queda de 23,2%.
Por último, a maior participação de multis na economia brasileira seria outro fator a explicar o aumento nas remessas. Em dezembro de 2004, empresas estrangeiras possuíam US$ 142,4 bilhões investidos no Brasil, contra US$ 112,3 bilhões registrados em dezembro de 2003. (NHC)


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