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CONTAS EXTERNAS
Saldo nas transações correntes deve chegar a US$ 4,6 bi, diz BC
Exportações em alta elevam
previsão de superávit externo
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os bons resultados alcançados
pela balança comercial fizeram
com que o Banco Central aumentasse em mais de 100% sua projeção para o resultado das contas
externas neste ano. A estimativa
para o superávit em transações
correntes -que inclui as negociações de bens e serviços com
outros países- passou de US$ 2,1
bilhões para US$ 4,6 bilhões.
Essa elevação se deveu, principalmente, à alteração na previsão
para a balança: a expectativa do
BC, agora, é que as exportações
brasileiras atinjam US$ 108 bilhões neste ano, o que levaria o
saldo comercial a US$ 30 bilhões.
Antes, previa US$ 27 bilhões.
"As exportações têm crescido
bem mais do que imaginávamos", afirma o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes. No ano passado, as
vendas de mercadorias para o exterior somaram US$ 96,475 bilhões, e o Ministério do Desenvolvimento já diz que esse valor pode
chegar a US$ 112 bilhões em 2005
-acima das estimativas do BC.
Exportações, balança comercial
e transações correntes são alguns
dos indicadores da vulnerabilidade externa de um país. As transações correntes incluem, além do
comércio exterior, a balança de
serviços (remessas de lucros, pagamento de juros da dívida externa, gastos com viagens internacionais, entre outros) e as transferências unilaterais (dinheiro que
brasileiros no exterior enviam para o Brasil, e vice-versa).
Quando essa conta fica negativa, são necessárias outras fontes
de capital externo -empréstimos e investimentos- para que
as contas externas fiquem equilibradas, ou seja, para que o volume de dólares que entra no país
compense as remessas.
Normalmente, o Brasil é um
país com déficit em transações
correntes, por causa, principalmente, dos elevados gastos com
juros da dívida externa. De 2003
para cá, porém, a situação se inverteu. Impulsionadas pela forte
desvalorização do real de 2002, as
exportações têm registrado sucessivos recordes, ajudando a manter as contas externas no azul.
Os resultados só não são mais
expressivos por causa de fatores
como o aumento nas remessas de
lucros e dividendos para fora do
país. Entre janeiro e maio deste
ano, as multinacionais instaladas
no Brasil enviaram US$ 5,070 bilhões ao exterior, valor 56,6%
mais elevado do que o registrado
no mesmo período de 2004.
Esse crescimento fez o BC aumentar de US$ 7,8 bilhões para
US$ 9 bilhões sua estimativa para
o total de remessas de lucros e dividendos esperado para este ano.
Em 2004, as empresas enviaram
US$ 7,3 bilhões ao exterior.
Para Lopes, são três os motivos
das maiores remessas de lucros.
Um deles seria a maior rentabilidade das empresas em 2004,
quando a economia cresceu 4,9%.
O comportamento do câmbio,
diz o funcionário do BC, também
ajudou a inflar esses números. Isso porque, com o câmbio mais
forte, a mesma quantidade de
reais apurada por uma empresa
como lucro pode comprar um volume maior de dólares a ser enviado à sua matriz. Entre maio de
2004 e maior de 2005, o dólar acumula uma queda de 23,2%.
Por último, a maior participação de multis na economia brasileira seria outro fator a explicar o
aumento nas remessas. Em dezembro de 2004, empresas estrangeiras possuíam US$ 142,4 bilhões
investidos no Brasil, contra US$
112,3 bilhões registrados em dezembro de 2003.
(NHC)
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