São Paulo, quarta-feira, 22 de junho de 2005

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CRISE NO AR

Equipamentos, incluindo carros em processo de pintura para esconder logotipo, são avaliados em US$ 5 mi

Polícia apreende turbina da Vasp em galpão

Gina Stocco/Futura Press
Turbina apreendida em galpão em São Bernardo do Campo (SP)


BRUNO LIMA
DA REPORTAGEM LOCAL

A Polícia Civil apreendeu por volta das 17h de ontem cerca de US$ 5 milhões (cerca de US$ 11,9 milhões) em bens da Vasp, entre eles duas turbinas de avião, equipamentos das oficinas da aérea e veículos com o logotipo da empresa, em um galpão de uma transportadora e loja de caminhões na altura do km 18 da rodovia Anchieta, em São Bernardo do Campo (Grande São Paulo).
De acordo com a polícia, o dono do galpão, que foi preso em flagrante por receptação, informou que recebia ordens do empresário César Canhedo, vice-presidente da Vasp e filho de Wagner Canhedo, controlador da companhia.
No local, a polícia encontrou carros da empresa sendo pintados para esconder a marca da Vasp e peças já "maquiadas" para ocultar a procedência.
Os bens da Vasp estão indisponíveis por ordem judicial, e a sua retirada da empresa para venda ou simplesmente para ocultação pode configurar crime de fraude à execução judicial (tentativa de evitar a venda dos bens para o cumprimento de uma decisão de um juiz), se ficar provado que não houve furto e que a ordem partiu realmente da diretoria da aérea.
O grupo econômico Canhedo informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que, "durante o período em que esteve à testa dos negócios da companhia Vasp [o afastamento ocorreu em março deste ano, com a determinação da intervenção na empresa pelo juiz da 14ª vara trabalhista de São Paulo], não teve nenhum conhecimento sobre o desaparecimento ou furto de material aeronáutico das oficinas da companhia". O grupo empresarial disse ainda que não se pronunciaria sobre a apreensão de ontem e que o assunto cabe apenas à polícia.
O empresário César Canhedo não foi encontrado pela reportagem. A assessoria de imprensa do grupo afirmou que não poderia ajudar a localizá-lo.

Suspeita
Anteontem, a comissão de funcionários que participa da intervenção na Vasp registrou boletim de ocorrência do sumiço de peças da empresa no aeroporto de Congonhas, em São Paulo. Boa parte das peças apreendidas ontem, no entanto, saiu das instalações da empresa em Guarulhos.
Uma denúncia anônima, feita por funcionários da Vasp, levou os membros da comissão de intervenção ao galpão em São Bernardo do Campo. Chegando ao local, eles encontraram peças e outros bens da empresa e chamaram a polícia. Os funcionários ainda puderam observar a tentativa de retirar do galpão alguns dos bens da companhia, mas a polícia conseguiu efetuar a apreensão.
As suspeitas de desvio de peças já existiam. Depois do aparecimento de uma virtual compradora para a Vasp -a empresa GBDS S.A., que depois foi apontada como firma fantasma-, foi feito novo levantamento dos bens da aérea. Foram constatadas diferenças entre esse levantamento e os registros feitos em março deste ano, no início da intervenção.
Na semana passada, a Justiça do Trabalho de São Paulo localizou, para penhora, pelo menos cinco imóveis da Vasp. Esses foram os primeiros bens penhorados para honrar a dívida da companhia aérea com seus funcionários.
No dia 27 de maio, Wagner Canhedo assinou acordo com a


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