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COMÉRCIO EXTERIOR
Organização atende pedido canadense e reconfirma ilegalidade de programa; países buscam acordo
OMC veta o uso do Proex pela Embraer
ANDRÉ SOLIANI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A OMC (Organização Mundial
do Comércio) reconfirmou ontem que o sistema brasileiro de
subsídios às exportações dos
aviões da Embraer, o Proex, é ilegal. A OMC havia julgado o Proex
ilegal a partir de um pedido do governo canadense, com base em
solicitação da Bombardier, concorrente da Embraer, que se sentia prejudicada pelo subsídio.
O Brasil havia apelado da condenação da OMC, cujo efeito final
foi dar direito ao Canadá de exigir
compensações comerciais do
Brasil e a mudança do Proex.
Ontem, o embaixador José Alfredo Graça Lima, chefe da delegação que negocia com o Canadá
as compensações, afirmou que o
Proex será adequado às regras da
OMC. Ou seja, os incentivos dados para as exportações da Embraer vão diminuir.
O Canadá pode exigir compensações, pois o Brasil decidiu manter o Proex, nos moldes ilegais,
para os contratos antigos da Embraer. São aviões cujas vendas foram acertadas no passado, mas
que ainda não foram entregues.
Para a OMC, esses contratos teriam de ser revistos, pois o subsídio só acontece na hora da entrega do avião.
Caso os dois países não cheguem a um acordo sobre quais serão as compensações, o Canadá
terá o direito de impor barreiras
comerciais para a entrada de produtos do Brasil. O Canadá já pediu autorização para impor restrições no valor de US$ 468 milhões,
durante cinco anos, contra os
produtos brasileiros, junto à
OMC. O resultado do pedido sai
na próxima quarta-feira.
O embaixador Graça Lima, que
chegou ontem de uma rodada de
negociações com os canadenses
em Montreal, está confiante de
que o seu rival vai preferir assinar
um acordo de compensações a
partir para retaliações. "O Canadá
perde todas as vantagens e não seríamos obrigados a mudar o
Proex", disse Graça Lima.
No momento, existe uma disparidade entre as exigências de vantagens comerciais dos canadenses
e o que o Brasil está disposto a oferecer. Segundo Graça Lima, as
empresas canadenses que podem
se beneficiar com as compensações que o Brasil está disposto a
oferecer estão muito interessadas
em um acordo: "Todas querem
negociar. Mas os canadenses sabem que há um limite".
Se os canadenses mantiverem
suas exigências muito altas e resolverem partir para a retaliação,
sofrerão pressões dos próprios
empresários canadenses. Os importadores que pagarão mais caro
pelos produtos do Brasil e os empresários que perderão chances
de acesso ao mercado brasileiro
reclamarão.
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