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Fórum Social pede suspensão da cúpula devido à morte do ativista; número de prisões chega a 69
De luto, 70 mil protestam contra o G-8
LEONARDO CRUZ
ENVIADO ESPECIAL A GÊNOVA
Mais de 70 mil manifestantes retomaram ontem nas ruas de Gênova protestos contra o capitalismo global, a cúpula do G-8 (os sete países mais ricos e a Rússia),
aos gritos de "assassinos, assassinos", contra a primeira morte nos
chamados protestos antiglobalização. Na sexta-feira, o manifestante Carlo Giuliani, 23, morreu
depois de ser baleado e atropelado por policiais, a quem tentara
agredir momentos antes.
Um grupo de cerca de mil manifestantes, vestidos de preto e símbolos anarquistas, alguns mascarados, atearam fogo em pelo menos três carros, destruíram algumas vitrines e atiraram cacos de
vidro contra a polícia. Os policiais
responderam com latas gás lacrimogêneo e cacetadas.
Segundo a polícia, até agora 67
manifestantes foram presos, 49
deles acusados de tentativa de assassinato. Na maior parte os presos eram italianos, mas a cadeia
genovesa também recebeu alemães, franceses, espanhóis, suíços, gregos e norte-americanos.
O principal protesto programado para ontem, a Marcha Internacional, começou às 9h (hora de
Brasília), com dezenas de milhares de manifestantes se concentrando na praça Sturla, três quilômetros a leste da zona vermelha,
área fechada do centro histórico
da cidade portuária italiana em
que se encontram os líderes do G-8. A manifestação foi organizada
pelo Fórum Social de Gênova,
"cúpula" paralela ao G-8, que reúne grupos sociais do mundo todo.
O Fórum pediu aos líderes do
G-8 que suspendessem o encontro de cúpula, além da renúncia
do ministro do Interior da Itália, a
quem a polícia é subordinada.
Os choques começaram depois
que os manifestantes ocuparam
totalmente os dois quilômetros de
extensão da avenida Itália.
A reportagem da Folha presenciou o momento em que a polícia
e os anarquistas se confrontaram.
Com o avanço dos ativistas, que
gritavam "assassinos, assassinos",
os policiais recuaram cerca de 500
metros e lançaram bombas de gás
lacrimogêneo.
Em resposta, os manifestantes
atiraram pedras contra o cordão
policial e incendiaram lixeiras e
dois carros. O gás forçou a dispersão dos ativistas, pondo fim ao
conflito após 15 minutos.
Enquanto isso, líderes do Fórum Social de Gênova se deslocavam entre a multidão para garantir que o cortejo continuasse, em
calma. Naquele momento, segundo a polícia, 70 mil pessoas engrossavam a marcha; nas contas
dos organizadores, eram 100 mil.
Quase todos usavam uma faixa
preta no braço, em luto pela morte de Carlo Giuliani.
Centenas de movimentos diferentes estavam representados na
passeata, desde grupos ambientalistas, como a italiana Legambiente, até partidos de esquerda, como
o Partido Comunista Grego.
No meio do cortejo, alguns manifestantes, cobertos por tinta
vermelha, usavam camisetas com
os dizeres, em inglês, "Vocês não
podem matar todos nós". Atrás
deles, o grupo Globalise Resistence carregava uma faixa com o desenho de um "trem da resistência", em que as estações de parada
eram Seattle, Washington, Praga
e Nice, locais de protestos anteriores contra o capitalismo global.
Entre a maioria pacífica, havia
também uma banda tocando a
"Internacional Comunista".
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra carregava
uma bandeira do Brasil no meio
da marcha da Via Campesina, organização internacional de camponeses.
Em uma nota conjunta, os líderes de Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão,
Reino Unido e Rússia condenaram "firme e absolutamente a violência provocada por uma reduzida minoria".
Com agências internacionais
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