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ANS autoriza dois aumentos e arma confusão
DA REPORTAGEM LOCAL
Pela primeira vez a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) decidiu autorizar, neste ano,
dois tipos de aumento de preços
para os planos de saúde individuais: um, de 7,69% -para as
empresas que não reajustarão os
honorários das consultas médicas
em 20%. E outro, de 9,39%, para
aquelas que darão esse reajuste
aos médicos.
No entanto, o novo critério
criou uma polêmica no setor.
Apenas 84 empresas solicitaram
reajustes de preços com aumento
para os médicos. Outras 163 -
entre elas, todas as seguradoras-
pediram o reajuste menor.
Com isso, a crise entre as partes
foi gerada. "A reação das operadoras é clara: elas estão querendo
forçar um litígio com a área médica e jogar a responsabilidade sobre a ANS", afirma o presidente
da Associação Médica Brasileira,
Eleuses Vieira de Paiva.
Na sua opinião, as empresas
querem, dessa forma, forçar um
reajuste maior de preços ao consumidor para atender à categoria.
O presidente da Abramge (Associação Brasileira de Medicina
de Grupo), Arlindo Almeida, diz
que a maioria das operadoras e
das seguradoras não solicitou o
reajuste maior, que embute o aumento de preços das consultas.
Isso para não serem obrigadas a
reajustar em 20% o procedimento
médico. "O percentual adicional
definido pela ANS, de 1,7%, é insuficiente para cobrir o aumento
definido para as consultas", argumenta.
Segundo Almeida, o adicional
de 1,7% só cobre metade dos gastos que as operadoras teriam com
o aumento a ser dado aos médicos. "Há um descompasso muito
grande", acrescenta. Almeida diz
que as operadoras e seguradoras
devem optar por conceder reajustes menores nos preços das consultas, de acordo com as condições de cada operadora.
Encruzilhada
O percentual de reajuste autorizado pela ANS nos contratos individuais baseou-se na média dos
aumentos praticados pelas operadoras e seguradoras nos planos
coletivos. Embora nesses casos a
negociação seja livre, também há
reclamações."Os reajustes de preços acabam sendo impostos às
empresas, pois não é fácil trocar
de operadora", diz Valter Hime,
diretor-executivo da Aon Consulting, empresa de consultoria em
Recursos Humanos do Aon
Group.
Segundo Hime, há uma grande
preocupação no setor empresarial com relação a esse tipo de benefício dado aos funcionários.
"No ano passado, o custo da assistência à saúde subiu 43% acima
da variação salarial média das
empresas", diz Hime.
Segundo ele, esse custo é hoje o
segundo maior no setor empresarial, só perdendo para o da folha
de salários. "Nos anos 80, os gastos com planos de saúde representavam 2% da folha de salários;
hoje chegam a 9%", diz. Por conta
do aumento das despesas, segundo Hime, as empresas estão reduzindo os benefícios dos planos.
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