São Paulo, segunda-feira, 22 de julho de 2002

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ANS autoriza dois aumentos e arma confusão

DA REPORTAGEM LOCAL

Pela primeira vez a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) decidiu autorizar, neste ano, dois tipos de aumento de preços para os planos de saúde individuais: um, de 7,69% -para as empresas que não reajustarão os honorários das consultas médicas em 20%. E outro, de 9,39%, para aquelas que darão esse reajuste aos médicos.
No entanto, o novo critério criou uma polêmica no setor. Apenas 84 empresas solicitaram reajustes de preços com aumento para os médicos. Outras 163 - entre elas, todas as seguradoras- pediram o reajuste menor.
Com isso, a crise entre as partes foi gerada. "A reação das operadoras é clara: elas estão querendo forçar um litígio com a área médica e jogar a responsabilidade sobre a ANS", afirma o presidente da Associação Médica Brasileira, Eleuses Vieira de Paiva.
Na sua opinião, as empresas querem, dessa forma, forçar um reajuste maior de preços ao consumidor para atender à categoria.
O presidente da Abramge (Associação Brasileira de Medicina de Grupo), Arlindo Almeida, diz que a maioria das operadoras e das seguradoras não solicitou o reajuste maior, que embute o aumento de preços das consultas.
Isso para não serem obrigadas a reajustar em 20% o procedimento médico. "O percentual adicional definido pela ANS, de 1,7%, é insuficiente para cobrir o aumento definido para as consultas", argumenta.
Segundo Almeida, o adicional de 1,7% só cobre metade dos gastos que as operadoras teriam com o aumento a ser dado aos médicos. "Há um descompasso muito grande", acrescenta. Almeida diz que as operadoras e seguradoras devem optar por conceder reajustes menores nos preços das consultas, de acordo com as condições de cada operadora.

Encruzilhada
O percentual de reajuste autorizado pela ANS nos contratos individuais baseou-se na média dos aumentos praticados pelas operadoras e seguradoras nos planos coletivos. Embora nesses casos a negociação seja livre, também há reclamações."Os reajustes de preços acabam sendo impostos às empresas, pois não é fácil trocar de operadora", diz Valter Hime, diretor-executivo da Aon Consulting, empresa de consultoria em Recursos Humanos do Aon Group.
Segundo Hime, há uma grande preocupação no setor empresarial com relação a esse tipo de benefício dado aos funcionários. "No ano passado, o custo da assistência à saúde subiu 43% acima da variação salarial média das empresas", diz Hime.
Segundo ele, esse custo é hoje o segundo maior no setor empresarial, só perdendo para o da folha de salários. "Nos anos 80, os gastos com planos de saúde representavam 2% da folha de salários; hoje chegam a 9%", diz. Por conta do aumento das despesas, segundo Hime, as empresas estão reduzindo os benefícios dos planos.


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