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ENERGIA
Cerca de 20 usinas não se enquadram nas regras
Plano do governo para produzir termelétricas cairá pela metade
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O plano do governo de incentivo à construção de usinas termelétricas (PPT - Plano Prioritário
de Termelétricas) deve ser reduzido pela metade.
A equipe técnica do Ministério
de Minas e Energia concluiu que
aproximadamente 20 usinas não
se enquadram nas regras estabelecidas para obter os benefícios.
Nos próximos dias, o governo
deve prorrogar o prazo para que
as usinas se enquadrem nas exigências do programa. Até lá, deve
tentar aumentar o preço da energia termelétrica para tornar os investimentos viáveis.
Apesar da prorrogação do prazo, a avaliação é de que seja possível aumentar a capacidade de geração de energia por termelétricas
entre 6.000 MW e 8.000 MW, até o
final de 2004.
Inicialmente, o plano previa a
construção de 40 novas usinas,
com capacidade de gerar até
13.000 MW neste prazo.
Os empresários interessados no
programa estão insatisfeitos com
o governo, que estaria demorando para definir regras para o setor, e preparam nota técnica alertando sobre os riscos da não-instalação das usinas.
A nota vai ser entregue aos principais candidatos à Presidência da
República e informará que, sem
as termelétricas, poderá faltar
energia em caso de pouca chuva
nos próximos anos.
O programa foi lançado em fevereiro de 2000. Naquela época, o
governo já sabia que a recuperação dos reservatórios das hidrelétricas, após o período chuvoso,
ocorria em níveis cada vez menores. Ou seja, o risco de racionamento, em caso de chuvas insuficientes, estava aumentando.
Origens
O PPT foi criado para reduzir a
dependência das chuvas para geração de energia. O fato de as usinas não terem saído do papel foi
uma das causas do racionamento
energético do ano passado.
Após o racionamento, as chuvas recuperaram o nível de água
dos reservatórios das hidrelétricas. O consumo de energia também diminuiu por causa da substituição de equipamentos nas indústrias -e pelos novos hábitos
de economia adquiridos pelos
consumidores residenciais na
época do risco do apagão.
Com energia hidrelétrica
-mais barata- disponível e
consumo baixo, técnicos do governo já avaliam que não é necessário aumentar muito a quantidade de termelétricas. Essa decisão
tem dois motivos: limitar o gasto
com o subsídio do programa e
evitar pressão nas tarifas exercidas por um tipo de energia mais
cara instalada definitivamente no
país.
Câmbio
O programa não deu certo no
ano 2000 porque os investidores
tinham medo de comprar gás natural -matéria-prima para geração de energia nas termelétricas- em dólar e vender energia
em reais.
O medo era que uma desvalorização do real provocasse problemas no fluxo de caixa das companhias e inviabilizasse os empréstimos tomados para construção
das usinas.
Em junho do ano passado, o
"risco cambial" foi resolvido
-assumido pela Petrobras- e,
em tese, o plano de incentivo à
instalação de termelétricas poderia deslanchar, o que não aconteceu. Para dar mais segurança aos
investidores, a Petrobras se tornou parceira de muitos empreendimentos.
Agora, as empresas esbarram
na necessidade de contratação da
energia que será gerada. Muitas
não conseguem os contratos, chamados de PPA (Power Purchase
Agreement) e, sem esses contratos, elas não podem continuar no
programa.
Insatisfação
Na quinta-feira, empresários do
setor estiveram reunidos para discutir a questão. Na reunião ficou
decidido que a Abraget (Associação Brasileira dos Geradores Térmicos) iria elaborar nota técnica e
agendar entrevistas com os principais candidatos à Presidência da
República.
A decisão de procurar os candidatos foi tomada porque, desde a
saída do ministro José Jorge do
Ministério de Minas e Energia, o
diálogo dos empresários com o
governo deteriorou. Os empresários pedem ao governo solução
para o sistema de oferta de preço
da energia.
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