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São Paulo, terça-feira, 22 de julho de 2003

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TENSÃO PRÉ-COPOM

Ministro diz que, se a inflação seguir em queda, Selic cairá; para ele, crescimento não tem data marcada

Palocci sinaliza nova redução dos juros

DA REPORTAGEM LOCAL

O ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, sinalizou que o Copom (Comitê de Política Monetária) deve promover uma nova redução de juros na reunião que ocorre de hoje até amanhã.
"No mês passado, o Copom já começou a reduzir os juros. Se a inflação continuar caindo, esse movimento pode continuar", afirmou Palocci em entrevista ao programa ""Bom Dia Brasil", da Rede Globo. Ele fazia referência à última reunião, na qual foi decidida uma queda de meio ponto na taxa básica de juros, a Selic. A taxa está hoje em 26% ao ano.
As declarações do ministro convergem com as expectativas do mercado financeiro. Em seus informes diários, bancos e consultorias são praticamente unânimes em apontar que os juros cairão -e de forma significativa. De 30 analistas ouvidos em pesquisa mensal do serviço FolhaNews, apenas 2 apontaram queda de meio ponto percentual -13 previram diminuição de 1,5 ponto.
Os últimos indicadores de inflação, avaliam alguns analistas, concedem margem para redução.
Segundo o IPC (Índice de Preços ao Consumidor) da Fipe, nos últimos 30 dias encerrados no dia 15 houve deflação de 0,35% na cidade de São Paulo - a maior queda nesse indicador desde junho de 1999.
O resultado fez a Fipe rever a estimativa de inflação de julho: deverá ficar próxima de zero -a previsão anterior era de 0,40%.
Ontem, a segunda prévia de julho do IGP-M (Índice Geral de Preços de Mercado), da FGV, acusou deflação de 0,35%. O IPC, um dos três índices que compõem o IGP-M e verifica os preços no varejo, apresentou a primeira deflação para uma segunda prévia desde novembro de 2000 (-0,08%).
A despeito das declarações de Palocci, a decisão sobre o corte de juros cabe, em tese, só aos nove membros do Copom. São oito diretores, mais o presidente do BC (Banco Central), Henrique Meirelles. Há duas semanas, em seminário no Rio, Meirelles disse que "o descontrole inflacionário" não existe mais.

Sem data para espetáculo
Ainda na entrevista de ontem ao telejornal, Palocci afirmou que o "espetáculo do crescimento", que deveria começar em julho, na previsão do presidente Lula, ""não tem data marcada".
"O crescimento não tem ato inaugural nem data marcada", disse Palocci. Completou: ""Mas é marcado pelo início de um processo em que as restrições fundamentais, colocadas para impedir a explosão inflacionário e o aumento do risco Brasil, podem se colocar de maneira mais amena".
Por restrições, entenda-se, nesse caso, os juros. Juros altos tornam mais caro o crédito para consumidores e empresas e forçam queda no nível de atividade da economia. Com menos atividade econômica, há menor margem para aumentos de preços.
"Começamos a discutir crédito com as pessoas, com as empresas. A discutir investimentos em infra-estrutura. Tudo isso para agora. Esse conjunto de iniciativas do governo e da iniciativa privada dará condições para o início da retomada do desenvolvimento", afirmou o ministro.
Segundo Palocci, ""este é um ano de dificuldades, um ano de ajustes". Indagado se a economia no final do ano estará melhor que em janeiro, afirmou: ""Já estamos do ponto de vista macroeconômico muito melhor do que começamos. Vamos terminar o ano com crescimento". (JAD)


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