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TENSÃO PRÉ-COPOM
Ministro diz que, se a inflação seguir em queda, Selic cairá; para ele, crescimento não tem data marcada
Palocci sinaliza nova redução dos juros
DA REPORTAGEM LOCAL
O ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, sinalizou que o
Copom (Comitê de Política Monetária) deve promover uma nova redução de juros na reunião
que ocorre de hoje até amanhã.
"No mês passado, o Copom já
começou a reduzir os juros. Se a
inflação continuar caindo, esse
movimento pode continuar",
afirmou Palocci em entrevista ao
programa ""Bom Dia Brasil", da
Rede Globo. Ele fazia referência à
última reunião, na qual foi decidida uma queda de meio ponto na
taxa básica de juros, a Selic. A taxa
está hoje em 26% ao ano.
As declarações do ministro convergem com as expectativas do
mercado financeiro. Em seus informes diários, bancos e consultorias são praticamente unânimes
em apontar que os juros cairão
-e de forma significativa. De 30
analistas ouvidos em pesquisa
mensal do serviço FolhaNews,
apenas 2 apontaram queda de
meio ponto percentual -13 previram diminuição de 1,5 ponto.
Os últimos indicadores de inflação, avaliam alguns analistas,
concedem margem para redução.
Segundo o IPC (Índice de Preços ao Consumidor) da Fipe, nos
últimos 30 dias encerrados no dia
15 houve deflação de 0,35% na cidade de São Paulo - a maior
queda nesse indicador desde junho de 1999.
O resultado fez a Fipe rever a estimativa de inflação de julho: deverá ficar próxima de zero -a
previsão anterior era de 0,40%.
Ontem, a segunda prévia de julho do IGP-M (Índice Geral de
Preços de Mercado), da FGV, acusou deflação de 0,35%. O IPC, um
dos três índices que compõem o
IGP-M e verifica os preços no varejo, apresentou a primeira deflação para uma segunda prévia desde novembro de 2000 (-0,08%).
A despeito das declarações de
Palocci, a decisão sobre o corte de
juros cabe, em tese, só aos nove
membros do Copom. São oito diretores, mais o presidente do BC
(Banco Central), Henrique Meirelles. Há duas semanas, em seminário no Rio, Meirelles disse que
"o descontrole inflacionário" não
existe mais.
Sem data para espetáculo
Ainda na entrevista de ontem ao
telejornal, Palocci afirmou que o
"espetáculo do crescimento", que
deveria começar em julho, na previsão do presidente Lula, ""não
tem data marcada".
"O crescimento não tem ato
inaugural nem data marcada",
disse Palocci. Completou: ""Mas é
marcado pelo início de um processo em que as restrições fundamentais, colocadas para impedir
a explosão inflacionário e o aumento do risco Brasil, podem se
colocar de maneira mais amena".
Por restrições, entenda-se, nesse caso, os juros. Juros altos tornam mais caro o crédito para consumidores e empresas e forçam
queda no nível de atividade da
economia. Com menos atividade
econômica, há menor margem
para aumentos de preços.
"Começamos a discutir crédito
com as pessoas, com as empresas.
A discutir investimentos em infra-estrutura. Tudo isso para agora. Esse conjunto de iniciativas do
governo e da iniciativa privada
dará condições para o início da
retomada do desenvolvimento",
afirmou o ministro.
Segundo Palocci, ""este é um ano
de dificuldades, um ano de ajustes". Indagado se a economia no
final do ano estará melhor que em
janeiro, afirmou: ""Já estamos do
ponto de vista macroeconômico
muito melhor do que começamos. Vamos terminar o ano com
crescimento".
(JAD)
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