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São Paulo, terça-feira, 22 de julho de 2003

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Operações fechadas ontem indicavam Selic a 24,5% anuais

Mercado projeta corte de 1,5 ponto na taxa de juros

FABRICIO VIEIRA
JOSÉ ALAN DIAS

DA REPORTAGEM LOCAL

A julgar pelas projeções dos contratos futuros negociados na BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros), o Copom vai reduzir a taxa básica de juros em 1,5 ponto percentual na reunião que termina amanhã.
Ontem, o contrato DI -que considera as operações entre bancos- com prazo de vencimento mais curto fechou com taxa de 24,42% ao ano na BM&F. Esse contrato é o que melhor reflete a expectativa do mercado em relação à decisão do Copom (Comitê de Política Monetária). A taxa básica (Selic) está em 26% anuais.
Nos encontros do Copom dos outros meses do ano, o mercado futuro acertou o que aconteceria com os juros. Isso é percebido se forem comparadas as taxas de fechamento dos contratos DI nas segundas-feiras das semanas em que foram realizados os encontros com o que foi decidido pelo Comitê em cada mês.
Em fevereiro, quando os juros saltaram de 25,5% para 26,5%, o DI de prazo mais curto fechou na segunda-feira da semana da reunião em 26,2% anuais.
Outro exemplo: em junho, quando os integrantes do Copom decidiram cortar os juros de 26,5% para 26% anuais, o contrato DI tinha fechado com taxa de 25,87%.
"O mercado já "precificou" [valor projetado nos contratos] um corte de 1,5 ponto percentual. Tecnicamente, haveria espaço para um corte maior, mas o mercado sabe que o BC tem primado pelo conservadorismo" afirma Adolpho Nardy Filho, diretor de operações e finanças do Banco Cruzeiro do Sul.
Nas últimas semanas, a cada divulgação de mais um índice que demonstrava queda nos preços, os juros futuros recuaram. No início do mês, o contrato DI de vencimento mais curto projetava taxa de 25,37%. Há uma semana, a taxa já era de 25%. Ontem caiu para 24,42% ao ano.
Adriano Fontes, gestor da Arx Capital Management, também afirma que há espaço técnico para um corte superior a dois pontos percentuais, mas que o BC não será "tão ousado".

Aplicações
Um das preocupações dos investidores com a esperada queda das taxas é o reflexo negativo nas aplicações financeiras que acompanham os juros, como os fundos DI. Para William Eid Junior, coordenador do Centro de Estudos em Finanças da FGV/SP, as aguardadas reduções na taxa básica de juros neste semestre não vão chegar a implicar perdas para os investidores, já que as perspectivas também são de inflação em baixa daqui para frente.
"Juros menores, nesse caso, não são um grande problema, porque no final o que deve interessar para o investidor são os juros reais [descontada a inflação]."
Para o diretor da mesa de operações do banco Santos, Rodrigo Boulos, o Copom vai cortar os juros básicos para 24,5% nesta reunião. Até o final do ano, a Selic deve estar em 20%, diz. "Mesmo com as projeções de queda nas taxas nos próximos meses, é melhor ficar em aplicações seguras e pouco voláteis como os fundos DI. Podemos ter em breve momentos de turbulência com as votações das reformas tributária e previdenciária", afirma Boulos.


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