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Operações fechadas ontem indicavam Selic a 24,5% anuais
Mercado projeta corte de 1,5 ponto na taxa de juros
FABRICIO VIEIRA
JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
A julgar pelas projeções dos contratos futuros negociados na
BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros), o Copom vai reduzir a
taxa básica de juros em 1,5 ponto percentual na reunião que termina amanhã.
Ontem, o contrato DI -que considera as operações entre bancos- com prazo de vencimento mais curto fechou com taxa de 24,42% ao ano na BM&F. Esse
contrato é o que melhor reflete a expectativa do mercado em relação à decisão do Copom (Comitê
de Política Monetária). A taxa básica (Selic) está em 26% anuais.
Nos encontros do Copom dos
outros meses do ano, o mercado
futuro acertou o que aconteceria
com os juros. Isso é percebido se
forem comparadas as taxas de fechamento dos contratos DI nas
segundas-feiras das semanas em
que foram realizados os encontros com o que foi decidido pelo
Comitê em cada mês.
Em fevereiro, quando os juros
saltaram de 25,5% para 26,5%, o
DI de prazo mais curto fechou na
segunda-feira da semana da reunião em 26,2% anuais.
Outro exemplo: em junho,
quando os integrantes do Copom
decidiram cortar os juros de
26,5% para 26% anuais, o contrato DI tinha fechado com taxa de
25,87%.
"O mercado já "precificou" [valor projetado nos contratos] um
corte de 1,5 ponto percentual.
Tecnicamente, haveria espaço para um corte maior, mas o mercado sabe que o BC tem primado
pelo conservadorismo" afirma
Adolpho Nardy Filho, diretor de
operações e finanças do Banco
Cruzeiro do Sul.
Nas últimas semanas, a cada divulgação de mais um índice que
demonstrava queda nos preços,
os juros futuros recuaram. No início do mês, o contrato DI de vencimento mais curto projetava taxa
de 25,37%. Há uma semana, a taxa já era de 25%. Ontem caiu para
24,42% ao ano.
Adriano Fontes, gestor da Arx
Capital Management, também
afirma que há espaço técnico para
um corte superior a dois pontos
percentuais, mas que o BC não será "tão ousado".
Aplicações
Um das preocupações dos investidores com a esperada queda
das taxas é o reflexo negativo nas
aplicações financeiras que acompanham os juros, como os fundos
DI. Para William Eid Junior, coordenador do Centro de Estudos em
Finanças da FGV/SP, as aguardadas reduções na taxa básica de juros neste semestre não vão chegar
a implicar perdas para os investidores, já que as perspectivas também são de inflação em baixa daqui para frente.
"Juros menores, nesse caso, não
são um grande problema, porque
no final o que deve interessar para
o investidor são os juros reais
[descontada a inflação]."
Para o diretor da mesa de operações do banco Santos, Rodrigo
Boulos, o Copom vai cortar os juros básicos para 24,5% nesta reunião. Até o final do ano, a Selic deve estar em 20%, diz. "Mesmo
com as projeções de queda nas taxas nos próximos meses, é melhor
ficar em aplicações seguras e pouco voláteis como os fundos DI.
Podemos ter em breve momentos
de turbulência com as votações
das reformas tributária e previdenciária", afirma Boulos.
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