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São Paulo, terça-feira, 22 de julho de 2003

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TRABALHO

Metalúrgicos dizem que trabalhadores têm estabilidade até 2006; para líder da CUT, empresa faz pressão por pacote

Acordo impede cortes na Volks, diz sindicato

Alexandre Meneghini/Associated Press
Paul Fleming, presidente da Volks no Brasil, durante o anúncio de criação da empresa Autovisão


CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Com um acordo em mãos que garante estabilidade no emprego até 2006, o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (filiado à CUT) informou que não vai aceitar a transferência nem a demissão de trabalhadores considerados excedentes da unidade da Volkswagen em São Bernardo do Campo.
O anúncio foi feito ontem pelo presidente da entidade, José Lopez Feijóo, ao comentar a criação da empresa Autovisão Brasil, que atuará na recolocação de 3.933 metalúrgicos excedentes.
Para o presidente da CUT, Luiz Marinho, a empresa "usa" o argumento de excedente para pressionar o governo a lançar medidas que incentivem o setor automotivo. "Inventaram essa história de ociosidade na intenção de fazer pressão política para antecipar um acordo para o setor que permita reaquecer as vendas."
A montadora emprega hoje 24,8 mil funcionários em cinco unidades -ABC (SP), Taubaté (SP), São Carlos (SP), São José dos Pinhais (PR) e Resende (RJ). Com a retração nas vendas -os fabricantes de veículos registraram quedas de 10% em maio ante maio de 2002-, a Volks informa que são necessários ajustes para diminuir o excedente concentrado no ABC e em Taubaté.
"Se a Volks quer abrir empresas, fazer investimentos e gerar emprego, serão aceitos e bem-vindos. Mas transferir trabalhadores na marra para outra empresa está descartado. Se há excedente, terá de ficar com ele até 2006. Temos um acordo assinado, registrado na Delegacia Regional do Trabalho e que nos dá garantia no emprego", afirmou Feijóo.
No final de 2001, os metalúrgicos negociaram com a direção da montadora na Alemanha um acordo para resolver o impasse em torno de 3.075 demissões que a empresa pretendia fazer. Na ocasião, após uma greve de uma semana, os trabalhadores aceitaram redução de jornada e salários em 15% para manter os empregos, com a vinda de novos investimentos para a unidade -R$ 500 milhões na produção do Polo exportação e a possibilidade de fabricar outros produtos. Parte dos operários aderiu a um pacote de incentivos, parte está na fábrica.
Na avaliação de Feijóo, o acordo tem mecanismos que permitem que sejam feitos ajustes, caso haja novos excedentes de mão-de-obra. "O acordo permite a abertura de programas de demissão voluntária durante três meses a cada ano, além de licença remunerada, férias coletivas e semana com jornada de quatro dias [Semana Volkswagen]. Há alternativas."
A empresa cometeu um erro, dizem os sindicalistas, ao divulgar investimentos associados a uma eventual dispensa de funcionários. "Se não foi um erro, houve má intenção. E, sendo assim, vamos resistir", afirmou Feijóo. Hoje, haverá assembléia na fábrica, às 15h, horário de troca de turnos.
Para o sindicato, a Volks erra ao fazer projeções do futuro com base no atual cenário. "Em janeiro de 2005, a Volks inicia a produção do projeto Tupi para exportação. Há negociação para produzir novos modelos comerciais leves. São medidas que podem absorver a mão-de-obra considerada hoje excedente", disse Feijóo.


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