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RECEITA ORTODOXA
Preocupação com inflação de 2005 é justificativa para manter, de novo, a taxa Selic em 16% ao ano
BC segura os juros pelo 4º mês consecutivo
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Ressaltando preocupações com
o cumprimento da meta de inflação do ano que vem, o Banco
Central decidiu manter os juros
básicos da economia em 16% ao
ano por mais um mês. A decisão
foi anunciada ontem pelo Copom
(Comitê de Política Monetária,
formado pela diretoria do BC).
Desde abril, a taxa se mantém
nesse patamar.
A manutenção dos juros já era
esperada por analistas de mercado. Em nota divulgada no início
da noite, o BC afirmou que, "avaliando as perspectivas para a trajetória da inflação em 2004 e 2005,
o Copom decidiu, por unanimidade, manter a taxa Selic em 16%
ao ano".
O BC já vinha sinalizando que
os juros não deveriam ser reduzidos tão cedo. Tanto é que analistas do mercado financeiro falam
em novos cortes somente a partir
de outubro. Uma das maiores
preocupações, segundo a instituição, seria com o comportamento
da inflação de 2005.
Já no mês passado, o BC informou que um dos motivos para
não mexer nos juros era a avaliação de que a alta dos preços ocorrida nos últimos meses era momentânea e que, por isso, não deveria afetar as expectativas do
mercado em relação ao comportamento da inflação de 2005.
Pesquisas feitas pelo próprio BC
entre analistas do setor privado,
porém, mostravam o oposto: as
projeções para o IPCA (Índice de
Preços ao Consumidor Amplo)
esperado para 2005 se mantinham elevadas.
De acordo com o levantamento,
a inflação deste ano deve ficar em
7,08% -valor próximo dos 8%
fixados como teto da meta de inflação de 2004.
Para o ano que vem, a meta foi
estabelecida em 4,5%, admitindo-se um desvio de, no máximo, 2,5
pontos percentuais para cima (ou
para baixo) desse número. A projeção do mercado é que a inflação
fique em 5,5%.
Em tese, sempre que percebe
que as projeções de inflação estão
se distanciando das metas, os juros são mantidos em níveis elevados. Juros altos desestimulam o
crescimento da economia, afetando negativamente a renda da população e reduzindo o espaço que
as empresas teriam para reajustar
seus preços.
No mês passado, a inflação medida pelo IPCA foi de 0,71%, a
mais elevada desde janeiro. A alta
acumulada entre janeiro e junho
ficou em 3,48%.
Crescimento
Além da maior preocupação
com a inflação, existe uma avaliação, dentro do BC, de que o processo de retomada do crescimento econômico dá sinais cada vez
mais fortes de estar se consolidando. Logo, cortes nos juros que estimulassem o nível de atividade
não seriam tão urgentes.
Entre os indicadores analisados
pelo BC na reunião de ontem, estão os números relativos ao nível
de emprego na indústria.
Segundo a Fiesp (Federação das
Indústrias do Estado de São Paulo), o número de vagas criadas pela indústria paulista no mês passado foi o maior desde 1994. No
primeiro semestre, de acordo
com o Ministério do Trabalho, foi
criado 1 milhão de empregos formais no país.
Além disso, pesquisa de mercado feita pelo BC mostra que a expectativa dos analistas é que a
economia registre uma expansão
de 3,57% neste ano, ligeiramente
acima dos 3,50% observados há
duas semanas.
Diante desse cenário, os analistas consultados dizem que a taxa
Selic só deve voltar a ser reduzida
em outubro.
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