|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
RECEITA ORTODOXA
Total dos débitos do governo com a emissão de títulos chegou a R$ 758,19 bi em junho
Dívida da União aumenta R$ 9,8 bi
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
No mesmo mês em que o governo federal registrou recorde na
arrecadação de impostos, a sua
dívida teve um aumento de R$
9,81 bilhões. O valor se refere aos
empréstimos contraídos pela
União por meio da venda de títulos públicos no mercado.
O aumento da dívida é conseqüência das taxas de juros praticadas no país. Segundo as informações do Tesouro Nacional e do
Banco Central, 50,62% dos títulos
públicos em circulação são corrigidos pela taxa básica de juros
(Selic), que atualmente está em
16% ao ano.
Por causa do efeito que a taxa
Selic tem sobre os títulos, a dívida
contraída pelo governo com a
emissão de títulos passou de R$
748,38 bilhões para R$ 758,19 bilhões entre maio e junho.
O chefe do Departamento de
Mercado Aberto do BC, Sérgio
Goldenstein, afirma que, com os
juros nos níveis atuais, é de esperar um aumento mensal de aproximadamente R$ 9 bilhões na dívida em títulos do governo.
O valor se refere aos juros pagos
periodicamente pelo governo
àqueles que investem em títulos
públicos. Os que mais se beneficiam com os juros são os aplicadores de fundos de investimento,
que possuem 45,35% dos papéis
negociados no mercado -sendo
que a maior parte deles é corrigida pela taxa Selic.
Os bancos têm, em suas carteiras, 34,27% dos títulos emitidos
pelo governo. O restante está dividido entre empresas estatais e
operações feitas entre bancos e o
Banco Central.
No ano passado, o setor público
(União, Estados, municípios e
empresas estatais) gastou R$ 145
bilhões em juros da dívida. A
maior parte desses recursos foi
paga pelo governo federal.
Arrecadação
É do dinheiro arrecadado com a
cobrança de tributos que vem boa
parte do superávit primário (economia de receitas, excluindo pagamento de juros) obtido pelo governo. Esse superávit, por sua vez,
é utilizado para quitar parcelas da
dívida pública. Em junho, a arrecadação de tributos alcançou o
valor recorde de R$ 26,566 bilhões, de acordo com a Receita
Federal. Parte desse dinheiro é direcionada para o pagamento de
dívidas. A carga de juros que incidiu sobre a dívida em títulos do
governo em junho equivale a 37%
do total arrecadado pela Receita.
O aumento da dívida pública é
um dos motivos citados pelo governo sempre que é anunciado
um maior aperto fiscal. Em tese,
quanto mais o endividamento
cresce, maior o superávit primário necessário para manter o equilíbrio das contas -logo, maior é a
necessidade de elevar impostos
ou de cortar despesas.
Além da incidência de juros, a
dívida pública também pode crescer quando o governo emite novos títulos ou quando ocorre um
aumento na cotação do dólar
-15,8% dos papéis em circulação
no país são corrigidos pela moeda
norte-americana.
Não foi o que aconteceu no mês
passado, pois a taxa de câmbio registrou uma variação pequena, de
0,7%. O total de títulos públicos
lançados no mercado em junho
foi de R$ 288 milhões.
Apesar da alta carga de juros e
do aumento na dívida em títulos,
Goldenstein afirma que a evolução dos números tem sido favorável devido à "melhora do perfil"
do endividamento. Segundo o
funcionário do BC, a redução da
parcela da dívida corrigida pela
cotação do dólar ajuda a aumentar a confiança dos investidores
na capacidade do governo em
honrar seus compromissos.
Texto Anterior: Empresário vê falta de confiança Próximo Texto: Parcela atrelada ao câmbio é a menor desde 99 Índice
|