|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
RS concentra maioria das ações
contra cobrança de juros de bancos
LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
O Rio Grande do Sul tem mais
de um terço das ações judiciais de
revisão dos juros cobrados por
bancos, aponta levantamento
parcial de pesquisa que está sendo
realizada pela Febraban (Federação Brasileira dos Bancos).
Os números parciais mostram
que os gaúchos são responsáveis
exatamente por 33% das ações,
contra apenas 3,3% de São Paulo.
O presidente da Associação dos
Bancos do Rio Grande do Sul, Flávio do Couto e Silva, afirmou, porém, que as estimativas são ainda
superiores: ficarão entre 40% e
45%.
De janeiro a maio, houve 3.285
ações desse tipo no Rio Grande do
Sul, contra apenas 338 em São
Paulo. Não há dados de outros Estados. Foram os únicos dados fornecidos pela Febraban para a
Agência Folha, mas mostram que
os gaúchos procuram a Justiça
dez vezes mais que os paulistas.
A explicação para tal fenômeno:
alguns desembargadores do Tribunal de Justiça gaúcho acolhem
a tese da limitação das taxas em
12% ao ano.
Há, segundo a Febraban, uma
industria das ações revisionais no
Estado.
"Consumidores vão à Justiça
pensando que os juros não podem ser superiores a 12% ao ano.
Mas, no STJ (Superior Tribunal
de Justiça), perdem a causa, arcando ainda com as custas processuais", afirma Couto e Silva.
De acordo com o Tribunal de
Justiça gaúcho, há uma consciência dos cidadãos para um número
significativo de ações no Rio
Grande do Sul, e não tendência
judicial.
"A maioria das ações tem sido
favorável aos bancos, mas o fato
de não haver o limite de 12% não
quer dizer que os bancos podem
cobrar os juros que quiserem. O
STJ tem se posicionado contra juros abusivos", diz o juiz convocado (substitui desembargador) José Luiz Pozza, da 18ª Câmara.
Jornais gaúchos estão apinhados de anúncios de advogados
que prometem revisões contratuais e redução de juros. Apegam-se ao Código do Consumidor, que
prevê juros de no máximo 12%
anuais, e na súmula 121 do STF
(Supremo Tribunal Federal), que
proíbe "juros sobre juros".
Funcionário de um desses escritórios de advocacia afirmou para
a Agência Folha que o perfil usual
dos clientes é o comprador de carro popular, que paga prestações
com dificuldade -e o banco acaba fazendo um acerto em juízo.
O advogado Nórton Lacerda, do
escritório "Lacerda e Lacerda",
anuncia "até 75% de redução nas
prestações e saldo devedor".
"Entramos com ação pedindo
tutela antecipada, para o cliente
ficar livre do Serasa e do SPC. Todos os bancos têm abusividade,
fazem capitalização mensal ou até
diária. Um cliente nosso obteve
devolução de R$ 800 mil", afirma
Lacerda.
Texto Anterior: Parcela atrelada ao câmbio é a menor desde 99 Próximo Texto: Queda na taxa pouco afetaria o consumidor Índice
|