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ANÁLISE
Recuo explicita alta da carga tributária
GUSTAVO PATU
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Ao desistir da idéia de elevar a contribuição previdenciária patronal, o governo Luiz
Inácio Lula da Silva acabou admitindo, quase explicitamente, algo
que sua equipe econômica insiste
em negar: que a carga tributária
voltou a subir de 2003 para cá.
Até o recuo, o argumento do
ministro Antonio Palocci Filho
(Fazenda) para justificar o aumento da contribuição era a Lei
de Responsabilidade Fiscal, segundo a qual a criação de uma nova despesa deve vir acompanhada
de uma nova fonte de recursos.
Agora, explica-se que a nova
despesa será coberta com os recursos originários do aumento da
arrecadação federal já observado
atualmente. Em bom português: o
aumento de tributo antes anunciado era desnecessário, porque a
carga tributária já subiu.
Os números são cada vez mais
claros. Em 2003, segundo a Receita Federal, a carga chegou a
35,68% do PIB (Produto Interno
Bruto), contra 35,52% em 2002.
Parece pouco, mas a arrecadação de 2002 foi inflada por R$ 18,5
bilhões em receitas extraordinárias, como a cobrança de dívidas
tributárias em atraso. No ano passado, essas receitas foram de apenas R$ 7,9 bilhões. Ou seja: se analisada apenas a cobrança regular
de impostos e contribuições, o aumento da carga foi maior do que o
indicado pelos dados oficiais.
Neste ano, os resultados da Receita são ainda mais evidentes. Foi
divulgado anteontem que a arrecadação do primeiro semestre foi
8,8% superior (termos reais) à do
mesmo período do ano passado.
Pior que elevar uma carga que o
próprio governo acha excessiva
são os sucessivos abandonos das
propostas de correção das distorções do sistema tributário. Em
acordo com os governadores neste ano, o Planalto deixou para
2006, na melhor das hipóteses, a
principal medida de sua reforma
tributária -a unificação da legislação do ICMS. Anteontem também adiou para 2006 a idéia de
desonerar a tributação sobre a folha de pagamento das empresas.
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