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MERCADO FINANCEIRO
Volume no pregão está 34% menor do que em junho; causas seriam recesso político e tributo
CPMF e pessimismo esvaziam Bolsa
MARCELO DIEGO
da Reportagem Local
A incidência da CPMF (Cobrança Provisória sobre Movimentação Financeira) e a falta de
novidades políticas estão afugentando o investidor da Bolsa de
Valores de São Paulo neste mês.
A Bovespa é a principal Bolsa
brasileira, respondendo a 87,2%
do mercado acionário no país.
Neste mês, o volume financeiro
registrado diariamente tem sido
de R$ 470,857 milhões, na média e
até ontem. No mês passado, também até o dia 21, a média era de
R$ 718,314 milhões (queda de
34,45%).
Julho só não tem sido pior do
que janeiro (média de R$ 453,078
milhões) no ano.
Analistas apontam fatores sazonais como um dos responsáveis
pela queda do giro na Bolsa. Como são férias no Hemisfério Norte (onde ficam EUA e Europa), o
fluxo de capital de investidores estrangeiros diminuiu.
Nos dez primeiros dias deste
mês, houve entrada (por meio de
compra de ações) de R$ 815,687
milhões dos estrangeiros. Nos dez
primeiros dias de junho, a entrada somava R$ 1,313 bilhão.
Mas o principal fato inibidor da
compra de ações seria a CPMF. O
tributo de 0,38% sobre qualquer
operação financeira, aliada à taxa
média de corretagem de 0,50%,
torna mais caro o movimento de
compra e venda de ações.
"A CPMF está transferindo liquidez para a Bolsa norte-americana. Embora os preços dos papéis estejam mais atrativos no
Brasil, o risco local é maior, pois a
economia brasileira ainda apresenta números preocupantes",
afirmou Alberto Alves Sobrinho,
analista de renda variável da Fair
Corretora.
A maioria das ações brasileiras
são comercializadas na Bolsa de
Valores de Nova York, por meio
de ADRs (American Depositary
Receipts).
Negociando diretamente no exterior, o investidor não precisa
pagar a CPMF e não corre o risco
de uma desvalorização cambial.
O volume de ADRs brasileiros
negociados em Nova York passou
de US$ 60 milhões (antes da cobrança do tributo) para US$ 300
milhões.
"Para a Bovespa, a CPMF é um
tributo perverso. Ela coloca os
corretores brasileiros em desvantagem em relação aos estrangeiros e vai provocando o esvaziamento do mercado", disse Nicolas Balafas, do Banco BNP.
Mas, além da CPMF -que entrou em vigor no mês passado-,
o fato de ser recesso parlamentar
no Brasil atrapalha os negócios.
O investidor, preferencialmente
o estrangeiro, está esperando do
governo uma definição sobre as
reformas necessárias para garantir a estabilidade fiscal.
"Faltam notícias e uma tendência clara para a Bolsa", disse Gabriel Coutinho Jafet, analista da
Oryx Asset Management.
Com volume menor, a Bolsa fica mais suscetível a oscilações.
Todas as grandes operações de
compra e venda acabam influenciando o índice Bovespa.
"Sem investidor estrangeiro, fica difícil para a Bolsa ter uma variação grande", disse Jafet.
Embora a sazonalidade seja
apontada como um dos fatores da
queda do volume financeiro, isso
não aconteceu no ano passado.
Nos 21 primeiros dias de julho,
houve um aumento de giro de
4,35% em relação ao mesmo período de junho.
Em julho de 1998, porém, a
CPMF cobrada era de 0,2%, o
câmbio era semifixo e a crise russa (que provocou falta de confiança nos países emergentes) ainda
não havia estourado.
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