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"Soluço de preços" não muda a política de juros, diz Fraga
CLÓVIS ROSSI
do Conselho Editorial
O governo não vai mudar sua
política de redução da taxa de juros só por causa do que Armínio
Fraga, o presidente do Banco
Central, chama de "soluços de
preços".
É uma alusão aos índices mais
recentemente divulgados que
apontam saltos na inflação tanto
no IGP-10 (Fundação Getúlio
Vargas) como no índice da Fipe
(Fundação Instituto de Pesquisas
Econômicas).
O IGP-10, calculado entre 11 de
junho e 10 de julho, registrou variação de 1,39% contra uma deflação de 0,06% no período imediatamente anterior. Idêntico salto
deu o índice da Fipe, que, para os
30 dias terminados dia 15, foi de
0,53%, contra apenas 0,29% na
quadrissemana anterior.
Para Armínio, esses "soluços"
decorrem exclusivamente de aumentos dos preços públicos e/ou
administrados pelo governo, como é o caso dos combustíveis e
das tarifas públicas.
"As condições básicas indicam,
ao contrário, uma queda da inflação, na trajetória que traçamos há
algum tempo", diz o presidente
do BC.
É uma alusão à nova âncora
econômica, as "metas de inflação", que substitui a âncora cambial para assegurar a estabilidade
dos preços.
A meta, para este ano, é de 8%
de inflação, admitindo-se variação de dois pontos percentuais
para cima ou para baixo. Ou seja,
a inflação poderá ser, ao terminar
1999, tanto de 6% como de 10%
que, ainda assim, as metas terão
sido atingidas.
Armínio garante que o intervalo
de dois pontos percentuais não se
destina a "ficar passeando dentro
da banda". Ou seja, o objetivo é ficar o mais próximo possível dos
8% este ano. "Dá para atingir essa
meta sem susto", aposta Armínio.
Ele acha, pelos dados até agora
disponíveis, que a inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao
Consumidor Amplo) não irá
além de 8,3% este ano. O IPCA é o
balizador escolhido pelo BC para
a política de "inflation targeting"
("metas de inflação").
A margem de dois pontos percentuais para cima ou para baixo
serve apenas como amortecedor
para eventuais choques internos
ou externos que possam pressionar a inflação.
No que se refere à taxa de juros,
Armínio diz o seguinte:
"A política monetária do BC será pautada exclusivamente pelas
nossas expectativas de inflação".
Como a expectativa é de queda,
não de aumento, não há razão,
portanto, para que se interrompa
a trajetória declinante das taxas
de juros.
Não obstante, o presidente do
BC, como era previsível, diz que o
BC está "vigilante" para evitar que
o que chama de "soluço de preços" não se transforme em inflação de fato.
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