São Paulo, Quinta-feira, 22 de Julho de 1999
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INDÚSTRIA
Fabricantes negociaram 26,5% a mais em junho; resultado acumulado do ano ainda é negativo
Venda de eletrodoméstico se recupera

MAURICIO ESPOSITO
da Reportagem Local

As vendas da indústria de eletroeletrônicos apresentaram recuperação em junho e cresceram 26,51% em relação a maio.
Os dados sobre as vendas, divulgado ontem pela Eletros (Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos), revelam mais um sinal da recuperação econômica gradual do país observada a partir do segundo trimestre deste ano.
Os resultados divulgados ontem, entretanto, ainda estão longe dos números obtidos pelos fabricantes de eletroeletrônicos em anos anteriores, principalmente no início do Plano Real.
"A economia vem mostrando sinais de recuperação e a inadimplência do consumidor está diminuindo", afirmou o presidente da entidade, Paulo Saab.
Com os resultados de junho, o setor está mais otimista com o segundo semestre, que normalmente concentra 60% das vendas anuais dos fabricantes.
Em relação a junho do ano passado, as vendas do setor ainda apresentaram queda, de 8,2%. Naquele mês, porém, o mercado foi atípico devido à demanda por televisores com a Copa do Mundo, distorcendo a base de comparação.
No confronto dos números entre maio deste ano e maio de 98, a queda do mercado de eletroeletrônicos era maior e chegava a 37%, segundo a Eletros.
No acumulado deste ano, em comparação com 98, a retração nas vendas gerais da indústria chega a quase 30%.
Na linha branca (refrigeradores e fogões, por exemplo), a queda das vendas no semestre é menor, de 12%. No caso dos eletrodomésticos de imagem e som, no entanto, a retração acumulada de janeiro a junho chega a 41%.
Alguns resultados obtidos pela indústria em junho passado chegaram a surpreender os fabricantes. As vendas de lavadoras automáticas, por exemplo, quase dobraram em relação a maio. Foram vendidas 123 mil unidades, contra 70,9 mil no mês anterior.
As vendas de lavadoras em junho ficaram 218% acima das registradas no mesmo mês de 98.
"Nesse caso, o crescimento pode ter sido resultado de demanda reprimida ou de algum tipo de promoção nos preços ao consumidor", acrescentou o executivo.
Na média dos produtos da linha branca, o crescimento nas vendas da indústria no mês passado também foi significativo, de 64%.
As vendas de televisores em cores somaram 350 mil unidades, o maior volume mensal registrado até agora neste ano.
Ainda assim, está longe do volume negociado em junho do ano passado -mais de 600 mil.
No caso dos refrigeradores, as indústrias venderam 48% a mais no mês passado. O volume de fogões negociados cresceu 31%.
As indústrias do setor, que presenciaram uma queda drástica do consumo de eletroeletrônicos, há cerca de dois anos, estão mais adaptadas ao atual mercado, segundo o presidente da Eletros.
"As empresas estão ajustadas nos seus custos e no volume de produção", disse Saab.
As fábricas do setor, que empregavam cerca de 80 mil trabalhadores no auge do consumo, iniciaram um processo de enxugamento e contam hoje com aproximadamente 51 mil funcionários.
De acordo com o presidente da Eletros, houve também uma acomodação no varejo de eletrodomésticos, que foi reduzido pela concordata de algumas redes tradicionais.
Aos poucos, disse Saab, redes de supermercados foram incorporando os pontos das lojas com problemas e o canal com o consumidor se reestruturou.



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