São Paulo, Quinta-feira, 22 de Julho de 1999
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CERVEJA
Para o órgão, AmBev e Kaiser se acusam de práticas que ferem a concorrência, como venda casada
Cade vai investigar guerra publicitária

da Sucursal de Brasília

O Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) determinou que sejam investigadas as acusações mútuas que estão sendo feitas na guerra publicitária entre as cervejarias Kaiser e AmBev (empresa formada na fusão entre a Brahma e a Antarctica).
"As empresas estão se acusando mutuamente de práticas que ferem a concorrência, como domínio de mercado, vendas casadas e preços abusivos. Tudo isso precisa ser averiguado", disse Hebe Romano, relatora do processo de fusão entre as empresas.
Hebe Romano apresentou no plenário do Cade anúncio publicado pela Kaiser em jornais do último dia 11 contra a fusão entre a Brahma e a Antarctica.
Ela grifou trechos dessa peça que se referiam a uma hipotética intenção da AmBev de dominar o mercado de cervejas e os preços do setor.
A relatora também apresentou publicidade da AmBev da segunda-feira passada. Nela, a Coca-Cola é apresentada como controladora da Kaiser e é acusada de prática de preços predatórios contra refrigerantes fabricados por pequenas empresas, venda casada e de usar um só sistema de distribuição para seus produtos.
O plenário do Cade aprovou por unanimidade que as peças publicitárias sejam repassadas à procuradoria do conselho para que sejam identificados os artigos da lei que as empresas estariam descumprindo, de acordo com as acusações.
O passo seguinte será enviar a denúncia para a SDE (Secretaria de Direito Econômico) do Ministério da Justiça, segundo o presidente do Cade, Gesner Oliveira.
Caberá à SDE abrir uma averiguação preliminar para procurar juntar eventuais provas que comprovem as acusações feitas pelas empresas.
Logo após a Brahma e a Antarctica anunciarem a sua fusão, no início do mês, a Kaiser iniciou uma campanha publicitária defendendo que a operação seja vetada pelo sistema de defesa da concorrência.
A AmBev reagiu no início desta semana, publicando peça intitulada "Por que a Coca-Cola não gosta da AmBev?", afirmando que a "multinacional verde-amarela" será uma ameaça contra práticas anticompetição da Coca-Cola.
Ontem o Cade também analisou outro processo do setor cervejeiro, relativo à associação entre a Brahma e a Miller, e aplicou uma multa de R$ 737 mil às duas empresas, devido a um atraso de 151 dias no cumprimento de uma decisão anterior do conselho.

Emprego
Representantes da Força Sindical se reuniram ontem com o governador de São Paulo, Mário Covas, para manifestar a preocupação com possíveis demissões decorrentes da fusão entre a Brahma e a Antarctica.


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