São Paulo, quarta-feira, 22 de agosto de 2001

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AVIAÇÃO

Petrobras e Shell exigem depósito para que os aviões tenham querosene

Transbrasil só pode abastecer à vista

RICARDO GRINBAUM
DA REPORTAGEM LOCAL

Cada vez que um avião da Transbrasil precisa ser abastecido, um funcionário da companhia corre a um banco da cidade onde está a aeronave e deposita um cheque na conta da Petrobras ou da Shell. Sem o pagamento à vista, nada feito.
O depósito dos cheques foi exigência da Petrobras e da Shell para continuar fornecendo querosene para os aviões da Transbrasil depois que a empresa estourou seu limite de crédito.
Sem dinheiro em caixa, a Transbrasil enfrenta problemas para pagar do lanche de bordo ao aluguel de seus aviões. Na sexta-feira, o comandante de um avião parado em Fortaleza resolveu fazer um agrado para os passageiros.
Como não havia lanche quente a bordo, ele enviou uma comissária para uma lanchonete do Mc Donald's e encomendou 140 hambúrgueres. A conta, de R$ 190, foi paga pela tripulação.
A Transbrasil está cortando os gastos que pode. Além disso, renegocia condições de pagamento com 200 prestadores de serviço. Entre eles, está a Infraero, a estatal que cuida dos aeroportos.
A Transbrasil deve R$ 70 milhões à estatal. Antes, a Infraero exigia pagamento mensal da Transbrasil. Agora, é semanal. A Infraero também está exigindo novas garantias da empresa.
Com dívidas de R$ 800 milhões e prejuízo no segundo trimestre superior a R$ 30 milhões, a Transbrasil sofre uma onda de pressões de credores. A situação piorou depois que a General Electric entrou com pedido de falência contra a empresa, na virada do mês.
"Muitos fornecedores correram para tirar o máximo possível. Mas, ao contrário do que imaginaram, a empresa não está falindo", diz Pedro Mattos, diretor financeiro da Transbrasil.
Ontem, pilotos, co-pilotos e comissários de bordo reunidos numa assembléia no Sindicato dos Aeronautas decidiram aceitar a proposta da Transbrasil de tirar licença e cortar parte dos ganhos.
"Foi uma decisão dura, mas diante do quadro da empresa, eles decidiram que era a única alternativa possível", disse Graziela Baggio, presidente do sindicato.
Hoje, diretores da Transbrasil e de outras empresas aéreas -que também passam por grave crise financeira- têm encontro com o governo em Brasília. Vão tratar de medidas como redução de carga tributária para o setor.


Colaborou a Sucursal de Brasília



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