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AVIAÇÃO
Petrobras e Shell exigem depósito para que os aviões tenham querosene
Transbrasil só pode abastecer à vista
RICARDO GRINBAUM
DA REPORTAGEM LOCAL
Cada vez que um avião da
Transbrasil precisa ser abastecido, um funcionário da companhia corre a um banco da cidade
onde está a aeronave e deposita
um cheque na conta da Petrobras
ou da Shell. Sem o pagamento à
vista, nada feito.
O depósito dos cheques foi exigência da Petrobras e da Shell para continuar fornecendo querosene para os aviões da Transbrasil
depois que a empresa estourou
seu limite de crédito.
Sem dinheiro em caixa, a Transbrasil enfrenta problemas para
pagar do lanche de bordo ao aluguel de seus aviões. Na sexta-feira,
o comandante de um avião parado em Fortaleza resolveu fazer
um agrado para os passageiros.
Como não havia lanche quente
a bordo, ele enviou uma comissária para uma lanchonete do Mc
Donald's e encomendou 140
hambúrgueres. A conta, de R$
190, foi paga pela tripulação.
A Transbrasil está cortando os
gastos que pode. Além disso, renegocia condições de pagamento
com 200 prestadores de serviço.
Entre eles, está a Infraero, a estatal
que cuida dos aeroportos.
A Transbrasil deve R$ 70 milhões à estatal. Antes, a Infraero
exigia pagamento mensal da
Transbrasil. Agora, é semanal. A
Infraero também está exigindo
novas garantias da empresa.
Com dívidas de R$ 800 milhões
e prejuízo no segundo trimestre
superior a R$ 30 milhões, a Transbrasil sofre uma onda de pressões
de credores. A situação piorou depois que a General Electric entrou
com pedido de falência contra a
empresa, na virada do mês.
"Muitos fornecedores correram
para tirar o máximo possível.
Mas, ao contrário do que imaginaram, a empresa não está falindo", diz Pedro Mattos, diretor financeiro da Transbrasil.
Ontem, pilotos, co-pilotos e comissários de bordo reunidos numa assembléia no Sindicato dos
Aeronautas decidiram aceitar a
proposta da Transbrasil de tirar
licença e cortar parte dos ganhos.
"Foi uma decisão dura, mas
diante do quadro da empresa, eles
decidiram que era a única alternativa possível", disse Graziela Baggio, presidente do sindicato.
Hoje, diretores da Transbrasil e
de outras empresas aéreas -que
também passam por grave crise
financeira- têm encontro com o
governo em Brasília. Vão tratar de
medidas como redução de carga
tributária para o setor.
Colaborou a Sucursal de Brasília
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