São Paulo, quarta-feira, 22 de agosto de 2001

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A ÁGUIA POUSOU

Fed reduz taxa em 0,25 ponto percentual, para 3,5% ao ano; George W. Bush diz que desaceleração é "séria e real"

EUA cortam juros pela 7ª vez; taxa é a menor desde 94

DA REDAÇÃO

O Fed não surpreendeu o mercado e reduziu os juros dos EUA em 0,25 ponto percentual ontem. A taxa, que agora está em 3,5% ao ano, é a mais baixa no país desde 1994. A nova redução era bastante esperada pelo mercado, uma vez que a economia americana continua em franca desaceleração.
O presidente do Fed, Alan Greenspan, assim como a maioria dos americanos, espera que, com esse corte -o sétimo apenas neste ano-, seja possível inverter o quadro de semi-estagnação da economia e impulsionar uma retomada no crescimento.
Os problemas do país ganharam tom ainda mais sombrio com a declaração de ontem do presidente George W. Bush de que a desaceleração econômica americana é "séria e real". Em pronunciamento no Estado do Missouri (sudeste dos EUA), Bush afirmou que, apesar do ano de retração, o país terá o segundo maior superávit da história no orçamento. Ele disse ainda que a sua decisão de cortar US$ 1,35 bilhão em impostos nos próximos dez anos era necessária para sustentar a economia. "O corte é importante para garantir nosso crescimento econômico", disse ele.
Há 18 meses os Estados Unidos vêem diminuir o ritmo de atividade de sua economia, depois de um período de quase dez anos de expansão. Economistas e governo norte-americanos estão alarmados com a possibilidade cada vez mais próxima de uma recessão real atingir o país.
Demissões em massa aliadas às constantes quedas na produção são alguns dos sintomas mais claros do atoleiro em que se encontra a economia americana.
Outros indicadores da atividade econômica no país, inclusive alguns elaborados pelo próprio Fed como o Livro Bege, divulgado no início deste mês, também mostram que os problemas atingem praticamente todos os setores e regiões.
Apesar disso, a manutenção dos gastos da população do país foi o que manteve os EUA à tona. Segundo o Fed, os americanos continuaram gastando no último mês e isso foi um alívio. Na opinião do BC norte-americano, entretanto, a economia ainda deve passar por dificuldades. "Os riscos estão, principalmente, ligados à ocorrência de fatos que possam fragilizar ainda mais a economia em um futuro previsível", revelou uma nota divulgada pela instituição.
A maior parte dos economistas do país acredita que os cortes do Fed terão grande impacto positivo na economia americana. Para eles, os cortes e a restituição de impostos feita pelo governo funcionarão como incentivo para que a população continue gastando. O consumo pessoal representa cerca de 60% do Produto Interno Bruto (PIB) norte-americano.

Varejo
Um indicador divulgado ontem nos EUA sustentou as declarações do Fed. De acordo com o instituto de pesquisa Instinet, as vendas no varejo cresceram 0,2% nas duas primeiras semanas de agosto. No acumulado do ano, as vendas cresceram 2,5% no país.
Segundo dados do Bank of Tokyo-Mitsubishi, o resultado foi influenciado pela volta às aulas nos Estados Unidos. A expectativa do Banco Lehman Brothers de aumento nas vendas dos varejistas para o mês, entretanto, foi cortada de 1,5% para 1,3%.



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