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São Paulo, sexta-feira, 22 de agosto de 2003

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POLÍTICA MONETÁRIA

Um dia depois da decisão do Copom, vice-presidente defende "cruzada nacional" contra as altas taxas

Após corte, Alencar volta a criticar juros

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
E DA FOLHA ONLINE

Um dia depois da decisão do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) de reduzir os juros em 2,5 pontos percentuais, o vice-presidente da República, José Alencar, defendeu uma "cruzada nacional" contra a cultura de juros altos no Brasil.
"Acredito que todos temos de formar uma cruzada nacional, porque nós somos muito compreensivos com relação aos juros. Fico admirado de ver uma dona-de-casa comprar um bem de consumo e pagar 8% ao mês de forma compreensiva e agradecida porque alguém lhe deu crédito."
Segundo Alencar, que é o principal opositor da política de juros altos do governo, a sociedade brasileira aceita juros elevados com facilidade porque são mais baixos que na época da inflação, quando a preocupação com a alta dos preços superava o custo com os juros reais.
O vice-presidente, que vinha mantendo silêncio sobre a decisão do Copom, resolveu retomar suas críticas aos juros altos durante entrevista concedida em fórum sobre o chamado Sistema S (Sesc, Senai, Sesi, Sebrae).
Ele afirmou que não estava comentando a decisão do Copom, mas sim criticando o "regime de juros" do país.
O Brasil, disse ele, compete com cerca de 25 países que têm juros reais (descontada a inflação) que equivalem a menos de um décimo dos brasileiros. Os países que adotam o euro, afirmou, têm juros próximos de 1% ao ano, apenas.
"Quando vamos adotar uma política de juros, não podemos nos cingir a uma decisão do Copom, que é um órgão técnico que olha apenas a questão ao seu nível. Minha preocupação é com o regime de juros nacional em relação ao regime de juros mundial", afirmou.
Alencar disse que as ações do governo devem ser orientadas no sentido de estimular as exportações para que o país não tenha necessidade de buscar dólares em curto prazo para se financiar.
Mais cedo, no Palácio do Planalto, questionado se continuava considerando que o ano está perdido para a economia, como afirmou na última segunda-feira em Salvador (BA), Alencar recuou. "Não, temos tempo. Nós temos quase o ano todo pela frente."
Na quarta-feira, ao comentar a declaração de Alencar, o presidente Lula disse em entrevista que Alencar pertencia a um partido diferente do seu e tinha outras idéias. "Este é o ano em que nós consertamos o país, arrumamos a casa", disse Lula.


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