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POLÍTICA MONETÁRIA
Um dia depois da decisão do Copom, vice-presidente defende "cruzada nacional" contra as altas taxas
Após corte, Alencar volta a criticar juros
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
E DA FOLHA ONLINE
Um dia depois da decisão do
Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) de reduzir os juros em 2,5 pontos percentuais, o vice-presidente da República, José Alencar, defendeu
uma "cruzada nacional" contra a
cultura de juros altos no Brasil.
"Acredito que todos temos de
formar uma cruzada nacional,
porque nós somos muito compreensivos com relação aos juros.
Fico admirado de ver uma dona-de-casa comprar um bem de consumo e pagar 8% ao mês de forma
compreensiva e agradecida porque alguém lhe deu crédito."
Segundo Alencar, que é o principal opositor da política de juros
altos do governo, a sociedade brasileira aceita juros elevados com
facilidade porque são mais baixos
que na época da inflação, quando
a preocupação com a alta dos preços superava o custo com os juros
reais.
O vice-presidente, que vinha
mantendo silêncio sobre a decisão do Copom, resolveu retomar
suas críticas aos juros altos durante entrevista concedida em fórum
sobre o chamado Sistema S (Sesc,
Senai, Sesi, Sebrae).
Ele afirmou que não estava comentando a decisão do Copom,
mas sim criticando o "regime de
juros" do país.
O Brasil, disse ele, compete com
cerca de 25 países que têm juros
reais (descontada a inflação) que
equivalem a menos de um décimo
dos brasileiros. Os países que adotam o euro, afirmou, têm juros
próximos de 1% ao ano, apenas.
"Quando vamos adotar uma
política de juros, não podemos
nos cingir a uma decisão do Copom, que é um órgão técnico que
olha apenas a questão ao seu nível. Minha preocupação é com o
regime de juros nacional em relação ao regime de juros mundial",
afirmou.
Alencar disse que as ações do
governo devem ser orientadas no
sentido de estimular as exportações para que o país não tenha necessidade de buscar dólares em
curto prazo para se financiar.
Mais cedo, no Palácio do Planalto, questionado se continuava
considerando que o ano está perdido para a economia, como afirmou na última segunda-feira em
Salvador (BA), Alencar recuou.
"Não, temos tempo. Nós temos
quase o ano todo pela frente."
Na quarta-feira, ao comentar a
declaração de Alencar, o presidente Lula disse em entrevista que
Alencar pertencia a um partido
diferente do seu e tinha outras
idéias. "Este é o ano em que nós
consertamos o país, arrumamos a
casa", disse Lula.
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