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DISPUTA
Relatora de inquérito sobre supostas irregularidades do Opportunity Fund nas Ilhas Cayman teria sido advogada da empresa
Esquenta disputa sobre Opportunity na CVM
GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.
A CVM (Comissão de Valores
Mobiliários) está diante de mais
um fogo cruzado que envolve o
inquérito das suspeitas de investimentos ilegais do Opportunity
Fund nas Ilhas Cayman, um conhecido paraíso fiscal.
A advogada Norma Jonssen Parente, diretora-relatora desse inquérito na CVM, está sendo acusada de ter atuado como representante legal de uma das empresas controladas pelo Opportunity.
Segundo a acusação, ela deveria
ter se declarado impedida de
atuar como relatora do inquérito.
Será ela quem vai dar, nos próximos dias, um parecer sobre se o
inquérito deve ou não ser arquivado pela CVM. A decisão sobre o
arquivamento do caso caberá ao
colegiado da CVM.
A denúncia foi feita pelo engenheiro Luiz Roberto Demarco,
ex-sócio do Opportunity e que
trava uma briga judicial com o
fundo no Brasil e nas Ilhas Cayman. Demarco entrou com uma
petição na CVM em que solicita o
impedimento da Norma Parente
de atuar no caso.
Inquérito
Em maio de 2001, a CVM abriu
inquérito administrativo (número 08/01) para apurar denúncia de
eventual existência de investimentos irregulares de residentes e
domiciliados no país com aplicações em cotas do Opportunity
Fund em Cayman.
O presidente da CVM, Luiz Leonardo Cantidiano, que já foi advogado do Opportunity, sempre
refutou acusações dessa natureza,
sob a alegação de nunca ter interferido no caso. Por ter sido advogado do Opportunity, ele se declara impedido de atuar no caso.
A diretora da CVM Norma Parente, no entanto, apesar de já ter
se declarado impedida outras vezes em participar de alguns julgamentos no caso Opportunity, não
viu impedimento em atuar como
relatora do inquérito que apura a
eventual existência de aplicações
irregulares no Opportunity Fund.
Representante
De acordo com documentos obtidos pela Folha e que constam na
petição de Demarco, Norma Parente atuou como representante
legal da Iven, uma das empresas
controladas pelo Opportunity,
numa assembléia geral ordinária
da Escelsa (Espírito Santo Centrais Elétricas S.A.), em 9 de dezembro de 1999. A Iven era uma
das acionistas da Escelsa.
A assembléia da Escelsa foi secretariada por Norma Parente e
presidida por Modesto Carvalhosa, sócio do escritório de advocacia que a diretora da CVM integrou. O escritório Carvalhosa, Eizerick, Motta Veiga Advogados
Associados, no qual Norma Parente trabalhou, também defende
o Opportunity.
O inquérito do Opportunity
Fund caminha para o seu desfecho, dependendo da decisão do
colegiado da CVM. No dia 15 de
agosto, o Opportunity entrou na
CVM com um termo de compromisso a ser analisado por Norma
Parente. Ela tem 30 dias para dar o
parecer. Dependendo do parecer,
a CVM opta ou não pelo arquivamento do inquérito.
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