São Paulo, terça-feira, 22 de agosto de 2006

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Volks ameaça fechar fábrica e demitir 6.100

CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

A Volkswagen deu um ultimato aos trabalhadores de São Bernardo do Campo e informou que, se não houver acordo até sexta-feira sobre o plano de reestruturação no país, a empresa poderá fechar a unidade do ABC paulista e demitir a metade de seus funcionários em um prazo de dois anos.
A fábrica foi inaugurada há 47 anos e emprega hoje aproximadamente 12,4 mil pessoas -65% deles estão na produção. As demissões podem ocorrer a partir de 21 de novembro, quando termina o acordo de estabilidade dos funcionários.
Em reunião com representantes do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (CUT), a montadora confirmou ontem a necessidade de implementar medidas que reduzam em 15% os custos com mão-de-obra para garantir investimentos.
Os sindicalistas informaram que só irão se pronunciar sobre a questão após a assembléia com os trabalhadores marcada para hoje à tarde na fábrica. A ameaça foi recebida "com serenidade" pelo sindicato, segundo a Folha apurou.
As demissões anunciadas ontem pela montadora (6.100) representam cerca de 75% do total de empregados na produção do ABC. Sem reduzir custos, a Volks estima que a produção passaria de 900 veículos por dia para cerca de 300 a 400 em um prazo de um ou dois anos.
O conflito entre trabalhadores e a montadora começou em maio quando a VW anunciou seu plano de reestruturação no país. Na ocasião, estavam previstos 3.672 cortes no ABC e outros 2.101 em São José dos Pinhais (PR) e Taubaté (SP). No país, o grupo emprega 21,5 mil em cinco unidades.
"É fundamental para a fábrica Anchieta que sejam viabilizados investimentos e a produção de novos modelos. Caso contrário, a perspectiva de redução do efetivo será ainda maior do que já anunciado [3.672 cortes]", afirmou Nilton Junior, gerente-executivo de Relações Trabalhistas Corporativo da Volkswagen, em comunicado da empresa.
Em Taubaté, foi feito acordo há cerca de um mês com o sindicato dos metalúrgicos da região (também filiado à CUT), com a previsão de dispensa de 300 até o final deste ano e a abertura de um programa de demissões voluntárias para conseguir a adesão de 400 funcionários até 2008.
Em contrapartida, a Volks garante que a unidade vai receber novos investimentos a partir deste ano. No Paraná, ainda não houve acordo.
A montadora informa que precisa negociar o acordo de reestruturação até o final desta semana porque em setembro está prevista uma reunião "decisória" na matriz alemã sobre a "alocação de investimentos".
Mesmo com o acordo, a empresa reafirma a necessidade de reduzir o quadro de pessoal no ABC -cortar 3.600 funcionários por meio de um pacote de incentivo financeiro aos empregados. Além dos cortes, informa ainda que vai cortar benefícios e implementar nova tabela salarial.
"Com um nível de produção bem inferior ao atual provocado pela ausência de investimentos, os já elevados custos fixos da unidade se tornarão ainda maiores", afirmou, no comunicado, Josef-Fidelis Senn, vice-presidente de RH da Volks do Brasil. "É difícil imaginar que um complexo industrial do porte da Anchieta continue operando com um volume de produção tão reduzido. Caso não tenhamos novos investimentos, o risco da operação ser encerrada é real."


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