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Volks ameaça fechar fábrica e demitir 6.100
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
A Volkswagen deu um ultimato aos trabalhadores de São
Bernardo do Campo e informou que, se não houver acordo
até sexta-feira sobre o plano de
reestruturação no país, a empresa poderá fechar a unidade
do ABC paulista e demitir a metade de seus funcionários em
um prazo de dois anos.
A fábrica foi inaugurada há
47 anos e emprega hoje aproximadamente 12,4 mil pessoas
-65% deles estão na produção.
As demissões podem ocorrer a
partir de 21 de novembro,
quando termina o acordo de estabilidade dos funcionários.
Em reunião com representantes do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (CUT), a montadora confirmou ontem a necessidade de implementar medidas que reduzam em 15% os
custos com mão-de-obra para
garantir investimentos.
Os sindicalistas informaram
que só irão se pronunciar sobre
a questão após a assembléia
com os trabalhadores marcada
para hoje à tarde na fábrica. A
ameaça foi recebida "com serenidade" pelo sindicato, segundo a Folha apurou.
As demissões anunciadas ontem pela montadora (6.100) representam cerca de 75% do total de empregados na produção
do ABC. Sem reduzir custos, a
Volks estima que a produção
passaria de 900 veículos por
dia para cerca de 300 a 400 em
um prazo de um ou dois anos.
O conflito entre trabalhadores e a montadora começou em
maio quando a VW anunciou
seu plano de reestruturação no
país. Na ocasião, estavam previstos 3.672 cortes no ABC e
outros 2.101 em São José dos
Pinhais (PR) e Taubaté (SP).
No país, o grupo emprega 21,5
mil em cinco unidades.
"É fundamental para a fábrica Anchieta que sejam viabilizados investimentos e a produção de novos modelos. Caso
contrário, a perspectiva de redução do efetivo será ainda
maior do que já anunciado
[3.672 cortes]", afirmou Nilton
Junior, gerente-executivo de
Relações Trabalhistas Corporativo da Volkswagen, em comunicado da empresa.
Em Taubaté, foi feito acordo
há cerca de um mês com o sindicato dos metalúrgicos da região (também filiado à CUT),
com a previsão de dispensa de
300 até o final deste ano e a
abertura de um programa de
demissões voluntárias para
conseguir a adesão de 400 funcionários até 2008.
Em contrapartida, a Volks
garante que a unidade vai receber novos investimentos a partir deste ano. No Paraná, ainda
não houve acordo.
A montadora informa que
precisa negociar o acordo de
reestruturação até o final desta
semana porque em setembro
está prevista uma reunião "decisória" na matriz alemã sobre
a "alocação de investimentos".
Mesmo com o acordo, a empresa reafirma a necessidade
de reduzir o quadro de pessoal
no ABC -cortar 3.600 funcionários por meio de um pacote
de incentivo financeiro aos empregados. Além dos cortes, informa ainda que vai cortar benefícios e implementar nova
tabela salarial.
"Com um nível de produção
bem inferior ao atual provocado pela ausência de investimentos, os já elevados custos
fixos da unidade se tornarão
ainda maiores", afirmou, no comunicado, Josef-Fidelis Senn,
vice-presidente de RH da Volks
do Brasil. "É difícil imaginar
que um complexo industrial do
porte da Anchieta continue
operando com um volume de
produção tão reduzido. Caso
não tenhamos novos investimentos, o risco da operação ser
encerrada é real."
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