São Paulo, Domingo, 22 de Agosto de 1999
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Marcelo Soubhia - 6.out.97/Folha Imagem
Erivelto Rodrigues, Consultor da Austin Asis, para quem desafio maior é conquistar novos clientes


MERCADO FINANCEIRO
Na batalha por novas contas, instituições deixam de lado o marketing tradicional da agência
Banco usa criatividade para ter cliente

VANESSA ADACHI
da Reportagem Local

Os bancos estão exercitando a criatividade na hora de conquistar -e também manter- clientes.
Abordagens cada vez mais distantes da tradicional agência bancária e do saturado marketing direto são as armas para vencer a batalha da ampliação da base de clientes em um mercado disputado.
Boa parte dessas novas estratégias pretende ir até o cliente. Não por meio de malas diretas, mas pessoalmente. Os bancos estão abordando os clientes em lugares inusitados como vídeo locadoras, academias de ginástica e, se convidados, até em casa.
O BankBoston, por exemplo, está indo ao clube. Fechou um acordo com a Hebraica, clube da comunidade judaica de São Paulo, para tentar ganhar seus associados de alta renda, certamente bem acima da mínima exigida pelo banco, de R$ 4.000 mensais.
Ao todo são 10 mil sócios. Aqueles que quiserem terão sua tradicional carteirinha de acesso ao clube substituída por um "cartão clube", que, além de autorizar a entrada, também servirá para movimentar dinheiro em uma conta no banco. Tudo que for consumido na Hebraica poderá ser pago com o cartão.

Serviço exclusivo
"Para a comunidade do clube, segurança é fundamental. Estamos dando conveniência e segurança, já que não será mais preciso levar dinheiro ao clube", diz José Antonio Soares, diretor de nichos de mercado do BankBoston.
Um serviço tão exclusivo terá de trazer um bom retorno para o Boston. O banco está investindo US$ 2 milhões no projeto. "A grande vantagem para o banco é se aproximar dos associados como nunca antes. Dependerá de nosso talento mostrar a eles os benefícios e conseguir ativar as contas", diz Odilon Almeida, diretor de marketing.
Segundo ele, se o cliente só utilizar o cartão para pagar as contas do bar do clube, será prejuízo certo para o BankBoston.
A idéia é vender seguros, fundos de investimentos, câmbio e outros produtos. Para estimular isso, o Boston cobrirá até R$ 30 da mensalidade do associado no clube -que gira em torno de R$ 220- dependendo da quantidade de produtos bancários utilizados.

Maior desafio
O projeto com a Hebraica se encaixa em um plano ambicioso de chegar a 150 mil clientes no final do ano. O banco tinha 105 mil no início deste ano.
"O desempenho futuro dos bancos está na capacidade de ampliar sua base de clientes hoje", diz Erivelto Rodrigues, consultor da Austin Asis.
Segundo ele, esse é o grande desafio dos bancos atualmente. "Em sistemas financeiros desenvolvidos, o ganho dos bancos vem da escala e não da margem elevada, como se ganha ainda hoje no Brasil", diz ele.
Como a maioria dos bancos está antenada com essa necessidade, ganhar novos clientes se tornou mais difícil para todos eles.


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