IVES GANDRA DA SILVA MARTINS
ESPECIAL PARA A FOLHA

Faleceu Pinheiro Neto. Foi o pioneiro da advocacia empresarial. Constituiu um excelente escritório, especializado em orientar empresas brasileiras e estrangeiras, e organizou competente equipe de profissionais, muitos deles o acompanhando até hoje, desde a década de 50.
Conheci-o por ocasião de uma questão, que orientamos juntos, no início dos anos 60. Impressionou-me a segurança com que enfrentava as questões fiscais, quando ainda não existia um sistema tributário consistente, a nortear o aconselhamento jurídico. Sempre mostrou essa segurança no exercício profissional.
Tivemos novos contatos, quando vice-presidi o Gabinete de Estudos Jurídicos de Investimentos Internacionais, na década de 70, proferindo palestras, em inglês irrepreensível, nos Colóquios e Encontros que o Gabinete patrocinou, à época em que o Brasil se abria para o exterior, na busca da conquista de mercados e da atração de investimentos.
Sempre tivemos um relacionamento amigo e sempre esteve à disposição, para participar de eventos jurídicos, inclusive indicando um de seus sócios para meu conselheiro, quando presidi o Instituto dos Advogados de São Paulo. Falo dele, portanto, com o conhecimento de quem o acompanhou, às vezes mais de perto, outras vezes à distância, mas sempre reconhecendo o profissional competente, sério, seguro e empreendedor e que sempre se pautou pela defesa intransigente dos interesses de seus clientes.
Muitos advogados brilhantes passaram por suas mãos, hoje professores universitários, membros do Ministério Público, magistrados e doutrinadores.
Disse-me, uma vez, que seu escritório era um "navio-escola", e estou convencido de que tinha razão.
Perde, portanto, o Brasil, um excelente profissional, atualizado, moderno, eficiente e que deve servir de modelo para todos os jovens que ingressam na advocacia. Vai-se o grande advogado, mas ficam as lições que disseminou, aqui e no exterior.