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BC prevê saldo externo 79% menor em 2007
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois de quatro anos de saldos recordes nas contas externas, o Banco Central já trabalha
com um cenário de forte queda
no resultado do ano que vem.
Em 2007, nas contas do BC, o
superávit em transações correntes -que inclui a compra e a
venda de bens e serviços com
outros países- deve ficar em
US$ 2,5 bilhões, 79% menor
que o esperado para este ano.
Essa queda se deve, principalmente, ao resultado bem
menos expressivo que deve ser
atingido pela balança comercial -a projeção para o superávit comercial de 2007 é de US$
30 bilhões, queda de 27% em
relação aos US$ 41 bilhões esperados para 2006.
"Devemos ter uma acomodação bastante significativa das
exportações e, ao mesmo tempo, a continuidade do crescimento das importações", diz o
chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes.
Entre janeiro e agosto deste
ano, a balança comercial teve
um superávit de US$ 29,684 bilhões. O saldo em transações
correntes, por sua vez, ficou em
US$ 8,225 bilhões. As transações correntes incluem, além
do comércio exterior, a balança
de serviços (remessas de lucros, além de gastos com viagens internacionais e despesas
com juros da dívida externa,
entre outros itens) e as transferências unilaterais (dinheiro
enviado ao Brasil por residentes no exterior e vice-versa).
Pelas estimativas do BC, as
exportações devem crescer só
6% em 2007. Segundo Alexander Xavier, economista-chefe
da Sobeet (Sociedade Brasileira
de Estudos das Empresas
Transnacionais e da Globalização Econômica), as exportações dependerão dos EUA.
"Ainda há uma certa dúvida
em relação ao comportamento
da economia americana", disse
Xavier. Depois de sucessivos
aumentos nos juros, que tinham por objetivo conter a inflação, a economia dos EUA dá
sinais de desaceleração, e há
dúvidas sobre qual será a intensidade dessa freada. O país é um
dos principais destinos das exportações brasileiras.
As importações, por outro lado, refletem o nível de atividade interno: se a economia brasileira crescer mais, a tendência é
de importações maiores.
Confirmadas as projeções do
BC, as contas externas voltariam a um nível mais próximo
ao normalmente observado no
Brasil. O país deve encerrar, em
2006, seu quarto ano seguido
de superávit em transações
correntes, algo que nunca havia
acontecido antes. Em geral, os
gastos com juros da dívida externa e o volume de importações costumavam manter esse
indicador no vermelho.
Há quem defenda que é saudável para uma economia
emergente ter déficit em transações correntes, pois isso indicaria que o país está importando máquinas ou pagando juros
por empréstimos que ajudariam no seu desenvolvimento.
Por outro lado, esse déficit
precisa ser financiado de alguma maneira, por meio da atração de investimentos estrangeiros ou pela obtenção de empréstimos externos. Em épocas
de crise global, esse financiamento pode se tornar escasso,
deixando o país deficitário em
dificuldade.
Para o BC, o superávit nas
contas externas representa um
"seguro" para proteger o Brasil
de crises externas. Xavier diz
que a vulnerabilidade do país a
essas turbulências se reduziu
nos últimos anos. Para ele, hoje
em dia os principais obstáculos
ao crescimento estão ligados a
questões internas, como o alto
endividamento do governo.
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