São Paulo, sexta-feira, 22 de setembro de 2006

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MERCOSUL

"Papeleira" espanhola desiste de fábrica perto do rio Uruguai

BRUNO LIMA
DE BUENOS AIRES

A "papeleira" espanhola Ence comunicou ontem ao governo uruguaio que não instalará mais sua fábrica de pasta de celulose na cidade de Fray Bentos, às margens do rio Uruguai, próximo à fronteira com a Argentina.
A intenção de duas papeleiras -a Ence e a finlandesa Botnia- em território uruguaio para formar ali o que seria o maior complexo mundial de celulose gerou uma inédita escalada de conflitos diplomáticos entre a Argentina e o Uruguai. O anúncio de ontem foi comemorado por ambientalistas e pela comunidade da cidade argentina de Gualeguaychú, que, desde o início, temendo contaminação do rio, opôs-se fortemente às papeleiras.
De acordo com a empresa Ence, a fábrica será mesmo construída no Uruguai, mas em outro local, fora da área de conflito. A decisão veio um dia depois de a empresa espanhola anunciar a demissão de cerca de 80% de seus funcionários no Uruguai.
Segundo nota do Cedha (Centro de Direitos Humanos e Ambiente), a entidade foi informada "extra-oficialmente" de que as papeleiras Ence e Botnia "já conheceriam a decisão do Banco Mundial de não conceder os créditos multimilionários" pedidos pelas empresas. Para a entidade, sem os créditos, a finlandesa "seguramente também considerará a hipótese de fazer as malas".
Os manifestantes argentinos bloquearam por mais de 80 dias a passagem na principal rota entre os dois países. Enquanto isso, o presidente argentino, Néstor Kirchner, deu força ao conflito e aproveitou-se politicamente da defesa ambiental, gerando contenda diplomática.


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