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MERCOSUL
"Papeleira" espanhola desiste de fábrica perto do rio Uruguai
BRUNO LIMA
DE BUENOS AIRES
A "papeleira" espanhola
Ence comunicou ontem ao
governo uruguaio que não
instalará mais sua fábrica de
pasta de celulose na cidade
de Fray Bentos, às margens
do rio Uruguai, próximo à
fronteira com a Argentina.
A intenção de duas papeleiras -a Ence e a finlandesa
Botnia- em território uruguaio para formar ali o que
seria o maior complexo
mundial de celulose gerou
uma inédita escalada de conflitos diplomáticos entre a
Argentina e o Uruguai. O
anúncio de ontem foi comemorado por ambientalistas e
pela comunidade da cidade
argentina de Gualeguaychú,
que, desde o início, temendo
contaminação do rio, opôs-se fortemente às papeleiras.
De acordo com a empresa
Ence, a fábrica será mesmo
construída no Uruguai, mas
em outro local, fora da área
de conflito. A decisão veio
um dia depois de a empresa
espanhola anunciar a demissão de cerca de 80% de seus
funcionários no Uruguai.
Segundo nota do Cedha
(Centro de Direitos Humanos e Ambiente), a entidade
foi informada "extra-oficialmente" de que as papeleiras
Ence e Botnia "já conheceriam a decisão do Banco
Mundial de não conceder os
créditos multimilionários"
pedidos pelas empresas. Para a entidade, sem os créditos, a finlandesa "seguramente também considerará
a hipótese de fazer as malas".
Os manifestantes argentinos bloquearam por mais de
80 dias a passagem na principal rota entre os dois países.
Enquanto isso, o presidente
argentino, Néstor Kirchner,
deu força ao conflito e aproveitou-se politicamente da
defesa ambiental, gerando
contenda diplomática.
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